É lei: os filhos têm o dever de cuidar dos pais na velhice, segundo prevê o Artigo 229 da Constituição Federal. Mas, na prática, não é bem isso que acontece. Segundo o IBGE, são mais de 33 milhões de idosos no país, sendo que 35% vivem sozinhos em suas casas e 19 mil estão em asilos – muitos, clandestinos e em péssimas condições. No caso dos cristãos, cuidar do pai e da mãe é mais do que um gesto de amor, é um dever bíblico.
Em 1 Timóteo 5:4, Paulo deixa claro que: “Se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família, e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de Deus”. Já Deuteronômio 5:16 é direto ao dizer: “Honra teu pai e tua mãe, como te ordenou o Senhor, o teu Deus, para que tenhas longa vida e tudo te vá bem na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá”.
Além disso, a Bíblia dá vários relatos de personagens conhecidos que cuidaram de seus pais na velhice: José providenciou moradia, alimentação e cuidados para o seu idoso pai Jacó (Gênesis 45:9-11; 47:11, 12); Rute mudou de país para continuar junto de sua sogra e cuidar dela (Rute 1:16; 2:2, 17, 18, 23); e Jesus, antes de morrer, deixou João responsável por cuidar de sua mãe na velhice (João 19:26, 27).
“Honrar pai e mãe é mais do que apenas um relacionamento afetuoso ou de boas palavras. A honra é um princípio que envolve inclinação do coração, investimento e tempo. Na tradição da fé cristã, é elementar que filhos cuidem de seus pais. Caso o filho ainda, por circunstâncias da vida, more com um pai idoso, a sua postura deve ser de cooperação, postura de amor”, explica o pastor Raphael Abdalla, da Primeira Igreja Batista de Guarapari.
Outro ponto abordado pelo pastor é quanto à importância dos filhos em ajudar a suprir as necessidades dos pais idosos, não apenas do ponto de vista emocional, mas físico e financeiro.
“Devemos cuidar dos nossos pais, investir neles, dentro da possibilidade econômica de seus filhos, ter cuidado no lado material, abrigar os pais, dar todo e completo auxílio. Essa é a lógica do Evangelho, do amor e do cuidado”, orienta.
Sobre a moradia dos pais idosos, seja com os filhos, sozinhos ou em lares terceirizados, é de responsabilidade de toda a família decidir o que é melhor para ambos, mas sempre priorizando a felicidade e a saúde dos que já estão na velhice.
Por Cristiano Stefenoni