Cuidando uns dos outros

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O verbo cuidar tem a ver com atenção e responsabilidade por algo ou alguém; significa ter atitudes e atos de profundo amor. Na perspectiva do próximo, cuidar é tratar, alimentar, confrontar, ensinar, zelar, acompanhar e encorajar (Colossenses 3.16). Cuidar tem a ver também com provisão e proteção (Salmos 23). Há uma conexão com encorajamento. Deus nos chamou ao cuidado mútuo. Ele nos deu a capacidade de tratarmos uns dos outros sempre no caráter de Cristo Jesus, tendo o Seu amor, mansidão e humildade como práticas muito eficazes. A Igreja não é um museu para santos, mas um hospital para pecadores. Ela é um ambiente onde a graça é abundante. É a comunidade da aceitação, do perdão e da festa e sempre no caráter de Cristo Jesus.

Numa sociedade marcada pelo individualismo, o nosso grande desafio é andarmos pela via da coletividade, da comunidade solidária, tendo uma vida caracterizada pela doação. A Igreja é a resposta para uma sociedade cada vez mais egocêntrica voltada para o exclusivismo, o entretenimento, o estilismo e o afrouxamento ético, moral. Paulo nos ensina: “Há um só corpo e um só Espírito, como fostes também chamados em uma só esperança do vosso chamado; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por todos e está em todos” (Efésios 4.4-6). Diante de uma sociedade estigmatizada pela polarização, o Pai nos chama em Cristo Jesus para a unidade, para sermos relevantes neste mundo que “jaz no maligno” (1 João 5.19). É neste mundo que precisamos “resplandecer como luminares” (Filipenses 2.15).

Sabemos que a Igreja é o Corpo vivo de Cristo e nós somos membros uns dos outros (1 Coríntios 12.12-27). Somos dependentes do Pai e interdependentes em nossa comunhão, em nossa fraternidade. A Igreja é a comunidade terapêutica. Por esta razão, devemos tratar uns dos outros com amor e respeito; carinho e afeto; solidariedade e compaixão; oração e serviço ou diaconia; sinceridade e justiça; graça e perdão. Precisamos conhecer bem uns aos outros. Não devemos ter medo de abrir o coração para os irmãos de inteira confiança e expor sinceramente nossas mazelas, dificuldades de relacionamento e problemas em casa. Aprendamos a não expor o nosso irmão ou a nossa irmã quando nos reparte algo do coração. Uma das qualidades do cristão autêntico é a sua discrição quando alguém reparte algo que o aflige ou o perturba. O cristão genuíno é de inteira confiança. Ele tem a ética de Jesus Cristo como referencial nas suas atitudes e ações.

Cuidando uns dos outros somos chamados a um compromisso com a saúde da Igreja, do Corpo Vivo de Cristo. Devemos orar uns pelos outros (Efésios 6.18). Dialogar em amor. Reconhecer nossas limitações. Trabalhar juntos. Não somos ilhas, mas um continente. Somos instrumentos de Deus para nos ajudarmos nas diversas áreas da vida cristã. À medida que convivemos em amor vamos sendo tratados, curados e encorajados para ajudarmos os de fora. Somos a família de Deus, salvos por Cristo e indo para o céu. Jesus é o nosso irmão mais velho, Aquele que a Si mesmo se deu por nós na cruz, derramando o Seu precioso sangue.

A Igreja deve ser cheia do amor do Pai, da graça de Cristo e do poder do Espírito Santo. É nesta atmosfera da plenitude Trinitária que devemos cuidar amorosamente uns dos outros, sendo vitoriosos em nosso testemunho cristão. É imperativo que obedeçamos a Oração Sacerdotal de Jesus (João 17). Uma Igreja saudável é aquela que ora, comunga e trabalha fortemente para atender as necessidades das pessoas. Ela não fica ensimesmada, mas existe para fora, para cumprir a missão recebida da parte do Senhor (Mateus 28.18-20). Uma Igreja que pratica os ensinos do Mestre. Que testemunha fielmente o evangelho de Cristo ao mundo sempre para a Glória do Pai.

Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Colunista deste Portal 

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