Em vigor desde março, a nova legislação da internet na China determina ser necessário que as pessoas tenham permissão específica para criar ou publicar conteúdo religioso. Como consequência, os cristãos tentam se comunicar de maneira criativa pelo WeChat, aplicativo de interação virtual usado por muitas pessoas em todo o país.
“Os cristãos usam uma língua codificada para encobrir as palavras proibidas e não serem banidos ou terem os posts deletados por ‘conteúdo ilegal’”, revela um contato da Portas Abertas. Se alguém publicar conteúdo considerado como violação pela nova legislação, uma advertência pode surgir na tela, alertando para a utilização de palavras impróprias. A China está na 17ª posição na Lista Mundial da Perseguição (LMP) de 2022, elaborada pela Portas Abertas, que elenca os 50 países onde é mais difícil ser seguidor de Jesus.
“Até agora, ainda conseguimos nos reunir virtualmente usando algumas ferramentas de comunicação e plataformas. Por causa do novo regulamento, estamos ainda mais cuidadosos na escolha das palavras nos textos e nas conversas. Temos que fazer diversas edições nos artigos antes de publicá-los online. Parceiros tentaram recriar contas cristãs públicas que tinham sido banidas da rede social, mas a ação falhou, pois rapidamente as contas foram encontradas e banidas novamente”, detalhou uma testemunha local.
“A medida aumentou nossa preocupação. O acesso a recursos espirituais e os relacionamentos foram enfraquecidos. Ainda há salas de acesso, mas menos pessoas participam a cada dia. Ainda assim, nunca deixamos de encontrar formas de permanecermos conectados online”, frisa uma fonte local.
A Radio Free Asia divulgou que “autoridades na China lançaram um treinamento em massa para sentinelas apagarem conteúdos religiosos não aprovados pelo governo, estreitando o controle na internet. Ainda não há certeza se esses treinamentos estão acontecendo de fato, mas é possível e provável que estejam alcançando várias partes do país e limitando ainda mais as atividades religiosas online”.
Na China, as restrições a conteúdo religioso não acontecem apenas no mundo virtual. As autoridades chinesas dificultam o acesso a Bíblias, como também a outros materiais que podem fortalecer espiritualmente os seguidores de Jesus.