Leitura Bíblica: Jonas 3:1-10.
O livro de Jonas, embora classificado como profético, é muito mais uma biografia (uma autobiografia contada na terceira pessoa) do que um livro profético. Apenas uma frase profética. Isso mesmo, apenas uma sentença, no capítulo 3. “Jonas entrou na cidade e a percorreu durante um dia, proclamando: “Daqui a quarenta dias Nínive será destruída” (Jn 3.4).
Além desse versículo, toda a narrativa do livro é de conteúdo biográfico, contando a história de Jonas. História que, aliás, é real, para nós que cremos na suficiência e na inerrância da Bíblia, a palavra de Deus. Jonas é um dos livros mais populares da Bíblia e, ao mesmo tempo, um dos mais controversos. Três versículos em especial provocam risadas nos céticos, quando eles se propõem a discutir a veracidade do livro:
“O Senhor fez com que um grande peixe engolisse Jonas, e ele ficou dentro do peixe três dias e três noites” (Jn 1.17) “Dentro do peixe, Jonas orou ao Senhor, o seu Deus” (Jn 2.1). “E o Senhor deu ordens ao peixe, e ele vomitou Jonas em terra firme” (Jn 2.10).
A história de Jonas é incomum, mas não impossível. Pr. Leandro Peixoto: “O livro de Jonas é fascinante e indispensável para nós cristãos por, pelo menos, três razões:
1. Jonas é autobiográfico | Ao abrirmos e lermos esse diário do profeta, escrito em terceira pessoa, narrando o período em que ele viveu fugindo de Deus, descobriremos que coração e consciência são cuidadosamente examinados. O livro traça o curso da viagem, mas também revela a confusão do coração de Jonas – seus medos, suas motivações e suas oscilações de humor.
2. Jonas é teocêntrico | G. Campbell Morgan (antecessor de Martyn Lloyd-Jones na Capela de Westminster) foi feliz ao escrever que “homens têm olhado tanto para o grande peixe que fracassam em ver o grande Deus”. O livro de Jonas não é sobre Jonas, não é sobre o grande peixe, nem sobre Nínive. Jonas é sobre Deus. O livro é teocêntrico; nele o caráter e a doutrina de Deus ganham vida.
3. Jonas é missional | Lendo atentamente o livro, nós também descobrimos que Jonas não se resume a uma experiência pessoal com Deus. O texto fala do envolvimento missionário do cristão. É um chamado para, lançando fora toda relutância e desobediência, seguirmos obedientes no cumprimento da Grande Comissão, tanto além-mar como do outro lado da rua, simultaneamente.
O missiológo Ed Stetzer da Convenção Batista do Sul dos EUA, declara que “missional significa realmente fazer missão onde você está […] missional significa adotar a postura de um missionário, aprendendo e adaptando-se a cultura ao seu redor, e permanecendo bíblico”.
Jonas é sobre a vida missional do cristão; descreve as lutas interiores dos homens e mulheres que diariamente são desafiados por Deus a viverem para serviço e para a salvação do próximo; revela o coração e a compaixão do Senhor Deus dos exércitos”.
“A partir da experiência pessoal com o transcendente somos desafiados ao cumprimento de uma missão” – Ágabo Borges A vocação nunca vem sozinha, junto vem às crises que refletem a espiritualidade de cada pessoa. Estamos diante de um personagem que é desafiado a viver sua vocação em um contexto de sofrimento pessoal e coletivo, e essa situação é o ponto de partida para o trabalhar de Deus.
O que se espera de quem compartilha graça e misericórdia?
• Uma das características nos profetas do Antigo Testamento é a capacidade de olhar ao seu redor e saber discernir qual a necessidade do povo dentro da vontade de Deus;
• Esses acontecimentos indicam ser a palavra de Iavé mais que mera verbalização;
• Não há, necessariamente, o elemento auditivo, como estamos acostumados a pensar a palavra dita;
• A palavra aqui é acontecimento; nesse caso, um acontecimento particular para o profeta e seu entorno;
• A palavra acontece simplesmente, sem um preparo prévio, sem possibilidade de evitar. Esse acontecimento exige do profeta ação, ou melhor, reação ORAR mas ele se recusa;
• Não há apoteose, não há teofania, não há templo, não há culto; há apenas a história; há um homem, seu contexto então a palavra acontece;
• No capítulo 3, Jonas recebe, pela segunda vez, a palavra de Deus. Ele recebe uma segunda chance. O profeta obedece Deus e constata o sucesso da sua proclamação. Warren W. Wiersbe diz que levou mais tempo para Deus convencer Jonas a proclamar do que converter o coração dos ninivitas, levando-os a se arrepender.
• Para proclamar graça e misericórdia precisamos perceber Deus em nosso cotidiano…
• Como se percebe Deus…
II – Que tenha encontros transformadores com a Palavra de Deus
• Quando profetizou aos ninivitas, não fora aquela a primeira vez que o profeta cumpria um ministério para Deus. Jonas tinha profetizado a vitória de Israel sobre a Assíria em II Reis 14.23-27. Curioso que da primeira vez, ele não relutou em profetizar. Afinal, daquela vez a profecia beneficiava diretamente a ele e a seu povo em Israel.
• A palavra do Senhor veio a Jonas 3 vezes: “Veio a palavra do Senhor a Jonas filho de Amitai” (1.1); Cap. 3.1 “Veio a palavra do Senhor, segunda vez, a Jonas, dizendo: Os Ninivitas tiveram encontros transformadores” (3.1); “Deus viu o que eles fizeram e como abandonaram os seus maus caminhos. Então Deus se arrependeu e não os destruiu como tinha ameaçado” (3.10). • Jonas não permitiu-se ser transformado (Jonas 4.1-3) • Para proclamar graça e misericórdia precisamos de encontros transformadores com a palavra…
• Como se consegue isso….
III – Que tenha uma visão verdadeira da Graça de Deus “Em vez disso, os marinheiros remaram com ainda mais força para levar a embarcação à terra, mas não conseguiram, pois o mar tempestuoso havia se tornado muito violento” (Jn 1.13 NVT).
• Jonas teve o privilégio de ter sido contemporâneo de Amós (“…nos dias de Jeroboão filho de Joás” – Amós 1.1) e de Oséias (“…e nos dias de Jeroboão filho de Joás” – Oséias 1.1c). Jonas foi treinado na escola de profetas dos dias de Elias (“…os filhos de profetas…” – II Reis 2.3, 5, 7, 15; 4.1, 38; 5.22; 6.1), a mesma de onde saiu Eliseu, por exemplo. No mínimo, Jonas pertencia àquela geração de homens privilegiados.
. Há, inclusive, uma lenda judaica antiga que afirma que Jonas era o filho da viúva de Sarepta (I Reis 17.7-24), que foi ressuscitado por Elias para exercer o ministério profético, isto porque “Amitai” significa verdade, então Jonas seria o filho da verdade, uma referência a fala da viúva a Elias: “Nisto conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade”. Lutero discorda veementemente desta posição com uma alegação extremamente sensata: Jonas diz aos marinheiros que era hebreu (de Gate-Hefer) enquanto que a viúva era pagã, de Sidom.
• A propósito Gate-Hefer, uma cidade localizada no território da tribo de Zebulom (Josué 19.13), estes detalhes mencionados no livro histórico de Reis é prova de que se tratava de uma pessoa verdadeira e não mitológica.
• Jonas foi treinado no que havia de melhor em seus dias, foi contemporâneo de grandes homens de Deus, mas se recusou a se dedicar da melhor maneira, dando o seu melhor, a Nínive que o Senhor pretendia salvar.
• Jonas proclamando com Deus descobre, contra a sua vontade, que o Senhor está pronto para se manifestar em graça e poder. Bastando para isso que haja em nós contrição e obediência.
• Quando não nos dedicamos na distribuição de nossos recursos, nossas finanças, nossos talentos, nossos dons e nossas habilidades, tanto físicas quanto intelectuais, não temos uma visão verdadeira da graça de Deus.
• Jesus é a personificação da graça o Imortal morreu…
• Para proclamar graça e misericórdia precisamos compreender que tudo o que somos e temos é pela graça…
IV – Que tenha consciência real da Misericórdia em seu viver.
• Jonas experimentou o cuidado protetor de Deus nas entranhas do grande peixe nas profundezas dos mares. O amor de Deus, protegendo a vida do profeta, constrangeu-o ao arrependimento.
• Jonas desobedeceu a Deus porque descobriu que Deus escolheu salvar os ninivitas. Havia, naquela cidade, pessoas que Deus havia amado unicamente por misericórdia. “Contudo, Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deveria eu ter pena dessa grande cidade?” (Jn 4.11)
• O Senhor teve misericórdia de Jonas, e com paciência lhe deu uma ilustração para que compreendesse melhor a Sua justiça e salvação.
• Uma lição para Jonas aprender que, como considerava ser justo ficar irado e ter compaixão de uma aboboreira de vida curta que ele não havia plantado, nem cuidado dela, não havia o Senhor de ter ainda muito mais compaixão por mais de 120 mil pessoas totalmente ignorantes do bem e do mal?
• Para proclamar graça e misericórdia precisamos compreender que “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade” (Lm 3.22-23).
V – Que creia na promessa do Senhor para os que proclamam.
• Jonas não estava só na proclamação o Senhor estava com ele. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.19-20).
• Essa promessa muda TOTALMENTE A NOSSA perspectiva; a promessa é o pressuposto fundamental para o sucesso da missão e não a condição própria do comissionamento.
• A companhia do Senhor é a mais bela compreensão de auxílio da divindade.
• Vamos encontrar essa ideia muito forte na formação do povo na saída do Egito, com a ênfase em (eu “serei” contigo) Êxodo 3.12 e Juízes 6.16. E em Jeremias 1, a ênfase está no pronome pessoal (“Eu” serei contigo) assumindo uma forte evidencia da pessoa de Deus.
• Para Jeremias, sua autoridade consistia, pura e simplesmente, na companhia do Senhor, o que será extremamente importante, pois seu conflito com Deus será intenso e repetido.
• Jonas não percebeu Deus na proclamação achou que sua ação foi eficaz e se aborreceu com Deus.4.2 “Foi por isso que me apressei em fugir para Társis. Eu sabia que tu és Deus misericordioso.”
• Para proclamar graça e misericórdia precisamos crer na promessa de que Ele está conosco, não estamos sós, Jesus esta conosco até a consumação dos séculos.
Pr. Hilquias Paim – Presidente da CBB.