Cinco minutos a 180 graus!

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Foto: Reprodução.

Por vezes minha esposa necessita ficar muitos dias longe viajando ao exterior para estar com nossas netinhas e netinho. Então ela me ensinou o básico de sobrevivência na cozinha e fui aprendendo com o tempo estabelecer algumas estratégias, como separar apenas a louça e talheres que vou de fato utilizar, lavá-los imediatamente após o uso.

Desta vez as máquinas se rebelaram, o forno de micro-ondas simplesmente parou de aquecer e o técnico deu um jeito. Mas agora foi a máquina de lavar roupas que, terminada a lavagem, simplesmente travou a porta, depois de pesquisar, descobri como resolver, até pensei em gravar um vídeo no TikTok para ajudar donas de casa desesperadas.

Descobri que o algoritmo seletivo de receitas de comidas do Instagram que “fisgou” e o tempo todo brotam na tela do celular receitas e mais receitas. Já aproveitei algumas, outras até me inspiraram a testar modificações e até desenvolvi uma técnica para fazer yogurt grego. Uma delícia.

Muitas destas receitas trazem o tempo de cozimento na airfryer que seguem, em geral, o padrão de 5 minutos a 180 graus. Muito divertido isso. Como sou indagador, fico me perguntando de onde veio essa ideia de 5 minutos e 180 graus?

Padrão é algo estabelecido e passa a ser usual para quase todo mundo.

Tudo isso me lembra em contemplar a vida e descobrir que somos seres livres e, se livres, diante de nós temos as decisões, pois nossa liberdade nos destina a decidir, mesmo que eu não tome uma decisão, estou decidindo não decidir, pois uma não decisão é também uma decisão.

E aqui entra mais um ingrediente na receita da liberdade: qual o meu referencial, meus pressupostos, minha linha métrica para guiar minhas decisões?

Dentro da convicção judaico-cristã somos transportados para o momento da criação, quando Deus planejou este Universo e estabeleceu os parâmetros ou referenciais para seu funcionamento.

Em primeiro lugar, a Teologia nos ensina um conceito chave que, em latim, chamamos de imago Dei, isto é, Deus nos criou a partir de sua imagem, a partir de algumas de suas características, transferindo-nos alguns atributos para que, como humanidade, pudéssemos avançar na gestão da criação, descobrir características e funcionalidades dela para o nosso bem-estar e desenvolvimento da vida.

Seria como que uma delegação por empoderamento (empowerment). Interessante notar que o ser humano, entre os demais, tem um neocortex desenvolvido, o que lhe proporciona condições de autoconhecimento, autoconsciência de sua identidade.

Temos até consciência de nossa finitude e da morte. Características ausentes nos demais animais. A tudo isso chamo de Plano da Criação.

A narrativa da criação prossegue nos informando que o ser humano primevo acabou rejeitando seguir esse Plano, se rebelando contra o Criador e seguindo para seu próprio caminho estabelecendo os seus próprios padrões (os seus 5/180) para suas decisões.

A história está aí para demonstrar em sua linha do tempo o quanto a violência, o egoísmo, a corrupção, a destruição do planeta e tantas outras mazelas já nos apontam para um final triste.

Nosso urgente papel será buscar o retorno ao início de tudo e dar um restart na essência de nosso ser, o que é só é possível por meio da entrega de nosso projeto de vida à Jesus, o filho do Criador que veio colocar tudo em ordem.

Pr. Lourenço Stelio Rega – Eticista e Especialista em Bioética pelo Albert Einstein Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa (Hospital Albert Einstein). Extraído da Revista Comunhão.

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