Avós, os cúmplices dos netos

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Crédito: Freepik.

Avós são figuras vitais na vida da família e costumam deixar boas memórias de infância. Eles são os cúmplices das brincadeiras e das “artes” dos netos, são os árbitros entre pais e filhos na hora do conflito, contribuem para dar mais estabilidade emocional para os pequenos e é no colo deles que muitas vezes os netos buscam os mimos negados pelos pais. 

As avós são também chamadas de “segunda mãe”, e os avôs, de “segundo pai”, porque têm papel importante no crescimento e na formação das crianças. Com a experiência que acumulam, têm uma postura mais ponderada e são capazes de transmitir muito amor e segurança. Por terem tempo livre, sem grandes responsabilidades, podem se dedicar aos netos, suprindo possíveis carências afetivas.

O diretor do Instituto Pense Família e pastor auxiliar da 4ª Igreja Presbiteriana de Maringá, no Paraná, Paulo Andreussi, destaca que o papel dos avós se dá principalmente no aspecto emocional dos netos e de toda família.

“São eles que dão atenção e chocolate, são o aconchego, o lugar gostoso dos netos, mas são principalmente o modelo bíblico de cristãos para os netos olharem para eles e pensarem: eu quero temer a Deus, quero amar a Deus e servi-lo como os meus avós.”

Estragando os netos

O pastor reconhece que os comentários comuns que circulam em praticamente todas as famílias de que os avós estragam as crianças fazem sentido. “Isso acontece, sim, porque, via de regra, os avós carregam uma culpa por terem errado com os filhos na infância; temos dificuldades de aceitar o fato de que somos humanos, como pais nós acertamos e erramos. Então, quando chegam os netos, queremos compensar. Há uma tentativa de compensação e, por isso, podemos acabar ‘estragando’ os netos.”

Andreussi considera normal que os avós amem ou demonstrem mais amor aos netos do que amaram ou demonstraram amor pelos seus próprios filhos na infância. “É claro, isso é normal porque ele evoluiu, ele cresceu, quando era pai era moço ainda e não tinha experiência, com os filhos eles aprenderam e com os netos eles aperfeiçoaram. Então, de fato o avô é um pai melhor, tem mais princípio, mais tolerância, mais paciência, mais experiência e vai tratar o neto diferente da forma como tratou os filhos, mas isso não quer dizer que ele ama menos, quer dizer que ele aprendeu.”

Ele sugere imaginar a tragédia que seria para um homem criar três filhos e, quando chegarem os netos, continuar igual a quando tinha 20, 30 anos de idade. “Isso não é possível, o crescimento gera mudança, maturidade. O avô é um pai aperfeiçoado e, se ele não se cuidar, de fato acaba estragando os netos.”

Impasse

Diante de um impasse na criação e na educação da criança e do jovem, o que deve prevalecer, a palavra dos pais ou dos avós? O pastor Andreussi avisa que essa situação tem uma relação direta com as famílias desajustadas.

“Quando se pensa numa família de pais omissos, ausentes, de avós que criam os netos, que ficam mais tempo com eles porque os pais terceirizam seus filhos para os avós, isso traz problemas, mas, biblicamente falando, a educação dos filhos pertence aos pais, por isso a palavra e a decisão são deles.”

Ele ressalta que as exceções ocorrem quando os filhos são abandonados pelos pais, e os avós assumem a paternidade. “O princípio é regra, a exceção é tratada. Há filhos sem referências de pai e mãe, e eu vejo isso como um ato de misericórdia de Deus com algumas crianças e jovens que têm pai falho, mãe omissa, que os abandonaram pelas suas vaidades, e Deus preserva essa pessoa através do testemunho, do amor e do carinho dos avós – talvez não com tanta energia, força e saúde, mas com muita experiência e sabedoria.”

Além dos mimos

O papel dos avós na família vai muito além dos mimos dados aos netos: muitas vezes eles são o suporte afetivo e financeiro de pais e filhos. Muitos avós suprem necessidades materiais dentro de casa. 

Por isso se diz que os avós são pais duas vezes. Historicamente, os avós desempenham uma função especial como figuras de respeito para resolver situações cotidianas que os pais, por serem menos experientes ou não suportarem o encargo, talvez não consigam.

Há casos em que os avós moram na mesma casa dos netos e oferecem ajuda financeira para toda a família. Mesmo nesses casos, entretanto, é importante estabelecer os limites da relação: avós não podem deseducar ou estragar.

A palavra avó vem do Latim avus, “pai do pai ou da mãe”, mas a força sobre o futuro dos filhos cabe aos pais, diz o pastor. “Biblicamente falando, Deus confiou os filhos aos pais para que esses, primeiro, sejam tementes a Deus e discipulem os filhos. No Antigo Testamento isso já era muito claro e, no Novo Testamento, também”, concluiu Andreussi.

Extraído da Revista Comunhão

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