Sem apêndice se vive. Sem coração, não. O apêndice é dispensável, caso se inflame ou esteja doente. O coração, todavia, não pode ser dispensado. Se o original não funcionar, ou a pessoa se submete a um transplante, ou se acopla a uma máquina, ou simplesmente morre. Coração é fundamental.
Jesus, para uns, é um apêndice. Com Ele também são considerados apêndices todos os degraus do exercício da fé. Jesus é dispensável, bem como a oração, a leitura da Bíblia, a comunhão entre os crentes, a leitura de livros de edificação espiritual.
Para outros, Jesus Cristo é coração. Eles vivem para Jesus, eles pensam em Jesus, eles servem a Jesus. Ler a Bíblia e orar é um ato respiratório contínuo: pela bíblia eles inspiram a Palavra de Deus, e pela oração eles expiram o que sentem diante do Senhor. A comunhão entre os cristãos e a igreja de Jesus não são coisas de somenos; pelo contrário, eles são família de Deus, necessitados de partilhar os dons, a fé, a comunhão, o louvor e o testemunho.
Conheço gente que buscou a Jesus nas horas amargas e encontrou muito tempo para ser aconselhada, orientada, receber orações e ajuda social. Estas pessoas, fragilizadas, buscaram a Deus com grande ansiedade e foram abençoadas. Naqueles momentos Jesus lhes era coração, essencial, fundamental. A porta da bênção de Jesus estava aberta.
Mas, assim que a demanda cessou, a tempestade se acalmou e a rotina reapareceu, deixaram a Jesus de lado, transformando-o num apêndice da vida, num retrato em cima da estante, numa bíblia a enfeitar a sala, num cômodo onde se guardam velharias. Eles lhe fecharam a porta, guardando-o no porão das prioridades. Não o dispensaram, como não corremos a retirar os nossos apêndices. Mas não dão mais qualquer valor a Ele. Vivem muito bem sem Jesus e as coisas concernentes à fé. Estes são as sementes lançadas no meio dos espinheiros, absolutamente sufocadas pelas ocupações da vida. E, infelizmente, por darem importância demasiada a coisas secundárias, esqueceram-se que Jesus jamais seria apêndice; Ele é coração. Se não for coração, Ele não estará em suas vidas. Assim disse o poeta: “Se Ele não for o primeiro em seu coração, então não é mais nada, não passa de ilusão”.
“Ir à igreja? Quando eu tiver tempo. Neste momento estou com muito trabalho, tenho viagens, alguns amigos que precisam de mim e eu deles. Não posso ir.”
“Estudar a Bíblia? Assim que eu me formar na faculdade, ou terminar o meu TCC (trabalho acadêmico), ou dar conta de tudo o que tenho para pensar, talvez a estude. A Bíblia não me garante o pão à mesa e nem conteúdo para o meu currículo.”
“Orar ao Senhor? Eu até oro de vez em quando; tento um “Pai Nosso”, faço as minhas preces de gratidão para comer ou para dormir. Acho que já está de bom tamanho. A gente não precisa ficar o tempo todo a orar!”
“Estar em comunhão com outros crentes? A salvação é individual; a igreja local é dispensável, irrelevante. Eu sou mais cristão em casa do que essa gente da igreja. Eu não preciso me associar a nada e nem a ninguém. Deus me conhece!”
Assim pensam os que fazem de Jesus Cristo um apêndice em suas vidas. Jesus não passa de um detalhe, um ítem da agenda, um espaço reservado no porão de coisas velhas.
Já os que fazem dEle o coração de suas vidas, bem, estes são muito diferentes!
Eles vão à igreja com prazer e com dedicação. Ninguém os obriga. Eles falam como o salmista: “Até o pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si; e eu, os Teus altares, Senhor, Rei meu e Deus meu!” (Salmo 84.3). Eles afirmam também: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor!” (Salmo 122.1).
Eles estudam a Bíblia com determinação, com vontade e com extremo prazer. Para eles “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”, conforme Provérbios 9.10. Eles amam a Palavra de Deus, por isso dizem: “Folgo com a Tua palavra, como aquele que acha um grande despojo” (Salmo 119.162).
Eles oram ao Senhor porque não são capazes de viver sem falar com Deus, sem abrir a alma ao Criador, sem lançar sobre o Senhor a Sua ansiedade. Para eles a oração é fundamental, tanto quanto é fundamental mantermos comunicação com quem amamos aqui. “Lançando sobre Deus toda a vossa ansiedade”; “Sejam as vossas petições conhecidas diante de Deus”; “Orai sem cessar”.
Eles mantém comunhão com outros crentes, porque necessitam repartir a fé, a comunhão, a experiência e buscar a mútua edificação. Jesus Cristo afirmou que os Seus discípulos seriam conhecidos pelo amor e pela comunhão, e que deveriam viver em amor e em harmonia. Por isso, em Cristo, não há espaço para a fé meramente privada. A fé é comum e une em Cristo a família de Deus! “Oh, quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Salmo 133.1). “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.” (At 2:44).
Jesus, para mim, é CORAÇÃO. Como diz o poeta: “Sem Ele eu morreria, sem Ele eu não sei andar; sem Ele eu vagaria como um barco no imenso mar.”
Para mim Jesus NUNCA SERÁ UM APÊNDICE. Os que fazem de Cristo o apêndice de suas vidas prestarão contas a Ele e não serão salvos. Serão apêndices descartados do Céu e da família do Senhor. “E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” (Lc 6:46); “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mt 7:21).
Obrigado, Senhor Jesus, CORAÇÃO DE MINHA VIDA!
Jesus é APÊNDICE ou CORAÇÃO em sua vida? Reflita!
Pr. Wagner Antônio de Araújo
Colunista deste Portal