Amor que madruga

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No término do ano passado, fui convidado a participar de culto de celebração do aniversário de uma igreja, na região metropolitana, de minha cidade.

No percurso, já próximo à igreja, notei uma grande quantidade de mulheres defronte ao portão principal do maior Centro de Triagem de Presos do Estado.

A grande maioria em pé, algumas sentadas na calçada e outras poucas, acomodadas em cadeiras tipo praia, que saberia depois, eram devidamente alugadas por comerciantes ambulantes do local.

Após o culto, enquanto saboreava um açucarado pedaço de bolo de aniversário da igreja, indaguei do pastor, qual a razão daquela aglomeração de mulheres em frente aquele Centro de Triagem.

Com certa emoção, esclareceu o pastor, que se tratava, em sua grande maioria de mães, que ali pernoitavam, para logo cedo receberam uma ficha, que lhe daria acesso ao Centro, onde por 30 minutos, poderiam ver e conversar com seus filhos ali presos.

Falou ainda tristonho o pastor: “são, em sua maioria, mães solteiras.”

Amor de Mãe!

Amor que madruga!

Mães solteiras, essa é uma realidade que nem sempre a família e a igreja têm conseguido levar a bom termo.

Na família, quase sempre constrangimentos e incompreensões, quando não repúdios.

Na igreja, a falta de uma melhor condução do assunto, o conduz, quase sempre, em amargura e tensões.

Conversava, há algum tempo, com um comissário de políciacompanheiro meu de zaga de futebol dos tempos de juventudea conhecida zaga mais vazada do campeonato do bairro, que angustiado me dizia: “Depois do que aquele rapaz fez com a minha sobrinha, ele se casa com ela, nem que seja na delegacia”.

Não se casou.

Atitudes como essa e outras parecidas, dificultam, quando não inviabilizam, soluções melhores para possíveis casamentos.

Penso que, nesses casos de mãe solteira, a igreja deva adotar medidas, à luz da Bíblia, que entenda melhor, sempre presidida pelo amor e compaixão.

À família, imagino, caberá sempre o aconchego familiar, apoio espiritual, o perdão e os cuidados com as necessidades materiais de sustento.

Amor de Mãe!

Amor que cuida!

No livro de I Reis, no capítulo 3:16-28, encontramos uma das mais dramáticas histórias do povo de Israel. Nela duas infelizes mulheres, procuram o Rei Salomão, reivindicando a maternidade de um filho.

Após ouvi-las, o sábio Salomão decide que, usando a espada, dividiria a criança ao meio, entregando em seguida, a cada uma delas, parte da criança.

De logo, houve aquiescência da falsa mãe, tendo a verdadeira, apelado ao Rei, afirmando que mesmo que ficasse sofrendo, preferia que ele poupasse a criança, entregando-a a outra.

Salomão despedindo a falsa mãe, fez a entrega da criança a sua verdadeira mãe.

Amor de Mãe!

Amor pela vida!

No livro de I Samuel, capítulo 1, 11:28, encontramos boa parte da bela história de Ana, mãe de Samuel.

Ela era uma mulher de oração, contrição e fé. Mesmo estéril conviveu com a adversidade e, tendo crido alcançou a bênção de ser mãe. Ela se destaca como mulher adoradora e fiel cumpridora das promessas feitas a Deus.

A esterilidade é outra realidade, que, como no passado, hoje também, causa situações desconfortáveis e até aflição não só na mulher que deseja ser mãe, como no casal e família maior.

Os avanços da medicina de apoio na produção da vida, tem proporcionado a muitas mulheres, vencendo esta limitação, serem, por fim, mães.

Seu Luiz, meu querido pai, sempre que tínhamos uma grande dificuldade, sentenciava: “Faça do limão azedo, uma limonada doce”.

A dificuldade de casais terem filhos, poderiam, se bem aproveitada, representar uma solução, pelo menos parcial, do grande clamor nacional pela adoção de crianças carentes.

Sobre adoção de crianças carentes, chego a sonhar, que a semelhança das grandes campanhas missionárias que as nossas convenções estaduais e brasileira fazem hoje, cujos resultados são abençoadores, poderíamos sim, fazer uma grande campanha Nacional de adoção de crianças, pelas famílias de nossas igrejas e congregações.

Os crentes Batistas estariam acolhendo, de forma legal e em definitivo, em seus lares crianças carentes, e com essa atitude, certamente, em amor, reduzindo a população carceraria do país e, mais ainda, cooperando na cidadania e alegrando aos céus.

Amor de Mãe!

Amor que acolhe e cria!

Sentado na bancada do telejornal, o repórter, qual monarca sentado em seu trono, com voz empostada, anuncia que:” O comércio no “Dia das Mães” vendeu mais do que no ano passado, apresentando crescimento de 4% sobre o mesmo período, do ano anterior.

Em seguida, também em igual trono, o comentarista econômico, trazendo, como sempre faz, a versão da notícia, passa a detalhar a repercussão do aumento das vendas no “Dia das Mães” para a economia ainda fragilizada do país.

São entrevistadas pessoas, quase sempre humildes, que para deleite da audiência, falam que mesmo em tempo difíceis, como os atuais, as mães não podem deixar de receber um presente.

Amor de Mãe!

Amor que doa!

A visão comercial, mesmo que que não prevista, estará sempre presente em programações de “Dias Especiais”. 

Não tem sido diferente no Dia das Mães.

O duro é que, como ocorre na celebração da Páscoa, a acerbada e agressiva propaganda no vetor comercial, finda tirando o sentimento bom da razão da celebração às mães.

A apropriação inadequada da mídia, que sendo mono e não plural, traz, nas mais das vezes, apenas um viés e esse sempre mercantilista, não ajuda na celebração.

Finda tendo mais importância os efeitos na economia, ou até mesmo a venda de um novo modelo de máquina de lavar roupas, do que a celebração à figura da homenageada MÃE.

Amor de Mãe!

Amor que não tem preço!

Sempre que tenho tempo disponível, acesso meus arquivos de sentenças de ações que atuei. Lendo uma delas em processo de Ação de Divórcio, me deparei com uma que muito, à época, me chamara atenção. Nela o magistrado determinava a guarda, pelos avós paternos, de duas crianças, de sete e nove anos.

Da fundamentação da sentença, constava, segundo o magistrado, a inidoneidade da mãe, que aproveitando as ausências em viagens de serviço do esposo e pai, sigilosamente deixava os filhos sozinhos, trancados em casa por noites inteiras, enquanto dançava em conhecida e prestigiada casa de forró, da cidade.

Amor de Mãe!

Nesse caso, Amor ausente?

O descuido para com os filhos ou até mesmo a rejeição, tem trazido graves problemas para a família e sociedade.

Há casos de crianças traumatizadas, lesionadas fisicamente ou até mesmo mortas pelo descuido de mães.

Caminhando mais adiante no viver familiar, nos deparamos nessa relação mãe, pai e filho, com algo tenebroso que entristece e traz indignação: o terrível aborto.

Penso ser esse um dos mais cruéis crimes que o ser humano pode praticar.

As vítimas, seres humanos indefesos, quando já em vida, são, pela maldade humana, violentados, vitimados e descartados, como meros artefatos de uso secundário.

Creio que, pela forma horrenda e covarde, se tratar de crime hediondo.

Penso que a igreja e crentes devam manter uma atitude de amor, compaixão e apoio às pessoas que se envolvem em tais situações.

Digo mais, poderíamos trabalhar, como igreja e crentes, programas educacionais preventivos e de acolhimento, evitando assim, que tragédias como o aborto, venham a infelicitar famílias.

A igreja precisa, creio, também dar sua contribuição na construção dessa consciência, evitando assim, novos atentados à vida humana infantil.

Amor de Mãe,

Amor que previne!

Volto agora às celebrações dos Dia das Mães.

No Brasil, segundo os pesquisadores, o primeiro Dia das Mães teria sido promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, em maio de 1918.

Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas, instituiu oficialmente no Brasil, no segundo domingo do mês de maio, o “Dia das Mães”.

Nos mais diversos tempos e lugares, as celebrações do Dia das Mães, sempre acontecem na direção de homenagear aquela mulher que, no casamento ou em família, tem um papel insubstituível.

Saudades de minha querida e inesquecível Mãe!

Algumas mães tiveram papel de destaque na Bíblia, dentre inúmeras, podemos destacar Sara e Maria.

Sara, a princesa hebreia, cuja história inicial é narrada em – Genesis, capítulos 11 a 23 – foi a esposa de Abraão, o pai da fé, mãe de Isaque e avó de Jacó. Dela portanto, descende diretamente os três patriarcas de Israel.

Junto com Abraão, ela se tornou a matriarca do povo judeu. Sara, uma mulher que entre tristezas, risos, tensões, repreensões, firmeza superou sua triste condição de estéril. 

Multo bonita, ficou conhecida por ser discreta, adoradora e sábia. Por fim creio, não é demais considerar Sara, também como Mãe da .

Como a mais agraciada das mulheres, Maria, foi expressão de humildade, gratidão e dependência de Deus.

Discípula presente de seu filho Jesus, Maria, a mãe de nosso Senhor e Salvador, cumpriu, como serva, sua jornada de mãe à serviço do Reino de Deus.

Jovial e bela, Maria, diferentemente do que deveria, é pouco citada em nossas mensagens e estudos bíblicos. Creio que é chegada a hora de como crentes, refletirmos mais sobre Maria, a mãe agraciada.

Maria, quando soube, que por obra Santo Espírito, conceberia o Salvador de nossas vidas, em momento de grande júbilo, apresenta uma das mais belas passagens bíblicas, que é o seu cântico – Magnificat – encontrado no evangelho segundo escreveu Lucas 1:46-55.

Segue assim a imagem de Mãe em nossas mentes e corações.

Creio, muito mais no Coração!

Dc. Lyncoln Araújo

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