A vaidade é um sentimento de grandeza, desejo de projeção pessoal e elevação de si mesmo. Sem dúvida, é um sentimento que tem a sua origem, a sua gênese na desobediência dos nossos pais no Éden (Gênesis 3.1-7). A artimanha da serpente era tornar Adão e Eva vaidosos, senhores de si mesmos e capazes de se autogovernarem e se autopromoverem. A vaidade se revela interna e externamente. A estética como estilo de vida mostra drasticamente a vaidade do coração. Adquirir coisas caras para se afirmar na vida é uma atitude de vaidade. A pessoa vaidosa gosta de aparecer. A vaidade é um sintoma do coração doente, da cardiopatia produzida pelo pecado. O antidoto é a simplicidade do evangelho. A Pessoa de Cristo que se humilhou por amor a nós. Ele, sendo Deus, tomou a forma de servo e fez-se semelhante aos homens (Filipenses 2.5-8).
Precisamos considerar com muita seriedade a vaidade ética daqueles que se acham invulneráveis, que têm a especialidade característica do religioso de se considerar melhor do que o outro. Jesus acertou precisamente ao contar a parábola do fariseu e do publicano. Diante do altar, em oração, o fariseu era um vaidoso do ponto de vista ético, moral. Aliás, esta atitude denota moralismo, enquanto a simplicidade dos que têm consciência de suas falhas, limitações, chama-se moralidade. Os chamados éticos vaidosos são insensíveis em relação ao erro dos outros. Como o fariseu da parábola contada por Jesus, eles batem no peito e agradecem ao Senhor que não são como os outros homens, ladrões, injustos, adúlteros (Lucas 18.11).
Os que são acometidos de vaidade ética confiam em si mesmos, se consideram justos e desprezam os outros (Lucas 18.9). Vivemos dias difíceis, de homens e mulheres da mídia chamada evangélica que dão lição de moral em todo mundo. Parece-nos que eles não têm pecados, são pessoas perfeitas, acima daqueles que se acham incapazes de olhar para o alto, se lamentam profundamente e pedem misericórdia ao Senhor (Lucas 18.13. Os acometidos de vaidade ética têm a sua mente fica cauterizada e o seu coração endurecido por uma religiosidade voltada para o juízo temerário. Estão mais preocupados com o seu trabalho, sua profissão do que com pessoas e suas necessidades. Expressão pura de egocentrismo na contramão do amor incondicional.
Jesus nos ensina que “todo o que se exaltar será humilhado; mas o que se humilhar será exaltado” (Lucas 18.14). A vaidade ética é, na verdade, uma atitude de se exaltar, se achar melhor do que os outros. Essa gente pensa que é tão santa que não se mistura, pois, a plataforma do seu moralismo está muito acima dos que eles chamam de fracos, carnais e debilitados moral e espiritualmente. Há homens e mulheres que são idolatrados, ovacionados pelos chamados ‘fiéis’. Cantores evangélicos e pregadores “famosos” se acham referenciais éticos. Há líderes chamados evangélicos da mídia que vivem regaladamente. Essas pessoas são tão bajuladas, tão requisitadas e tão famosas que se acham acima de qualquer suspeita. Usam os crentes sinceros para inflarem a sua vaidade. É aqui que perdem a consciência da ética cristã.
Que o Senhor nos livre da vaidade ética dos escribas e fariseus e nos dê a consciência das nossas fraquezas, limitações e vulnerabilidades tão presentes nos publicanos. Vivamos como filhos de um Deus Santo em plena obediência. Que olhemos para o Senhor como motivação para vivermos uma vida pura, saudável e útil. Que a ética do Reino de Deus permeie todo o nosso ser. Sejamos pacientes com os que erram e os ajudemos a levantar-se. Odiemos o erro, o pecado, mas amemos o errado, o pecador. Tenhamos a consciência de que falhamos, mas o perdão de Deus em Cristo Jesus é real e eficaz para nos ajudar e nos levar à superação. Aprendamos com Jesus a amar as pessoas, entendê-las e encorajá-las a vencerem as suas lutas diárias. Que o Senhor avive a nossa consciência, examine o nosso coração e firme bem os nossos passos. Deixemos todo o embaraço e o pecado que nos assedia diariamente e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para Jesus, o Autor e Consumador da fé (Hebreus 12.1,2). Vivamos sob a ética de Jesus de Nazaré!
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Colunista deste Portal