A substituição da vida

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Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida. 1 João 5:12.

Todos nós nascemos com uma vida contaminada pelo pecado e imprópria para a santificação, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus. Romanos 3:23.

O pecado é antes de tudo a incredulidade diante da pessoa de Cristo Jesus. Somos uma raça incrédula por natureza. O principal trabalho do Espírito Santo no mundo é nos convencer do pecado. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim. João 16:8-9.

Pecado é a descrença que nos separa da glória de Deus e nos faz apagados à nossa própria glória. O pecador é um aventureiro investindo com garra em sua glorificação pessoal através de sua ascensão em busca dos píncaros da fama e celebridade.

A vida do pós-Éden encontra-se impossibilitada de fazer parte nas relações dos membros efetivos da família de Aba, em razão desta necessidade de grandeza e reconhecimento. O ego acha-se inflamado e obeso. É gordo e dorido. Magoa-se por qualquer coisa em que é contrariado e gosta de exibir o seu desempenho como troféu de conquista e aceitação. A vida egoísta é contrária à vida de santidade espiritual.

Há muita gente que tem uma vida justa perante a lei, mas é descrente em relação à pessoa de Cristo. Tem uma vida honesta e digna de admiração humana, embora cética e sem valor espiritual diante de Deus. É a vida de Adão poluída pelo pecado que não será admitida no Reino de Deus, sem que seja substituída pela vida da ressurreição.

A vida adâmica não tem conserto. Ela é egoísta até a medula. O homem natural só pensa em si, mesmo quando está fazendo o bem para os outros. A bondade humana é interesseira, exigindo reconhecimento na linha de frente, até nas entrelinhas. Por traz das realizações filantrópicas residem os desejos de consideração, prestígio e notabilidade.

O egoísmo é a marca registrada da vida do velho Adão. Inclusive a sua espiritualidade vem sempre configurada em egolatria por todos os seus estilos santificados em vitrine alumiada

e demonstrados em passarela fantasiosa. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Lucas 18:11-12.

O ego com o seu egoísmo são imprestáveis para o Reino de Deus. A vida egoísta é uma existência sem futuro e deve ser substituída pela Vida eterna do próprio Deus. O novo nascimento envolve a troca da vida egoísta de Adão pela vida ressurreta de Cristo.

Esta vida não tem direitos humanos. Não faz parte de sindicato. Não se ensoberbece com seu crescimento em santidade, nem se sente ferida com o ostracismo e o descaso que lhe são impostos. É vida de liberdade e de libertação.

O homem velho tem que morrer. Não há remédio que cure, nem ensino que eduque esta natureza rebelde do pecado. Cristo se encarnou no Jesus histórico para poder crucificar a vida de Adão que nós herdamos como raça, a fim de nos dar, em seguida, a nova vida da ressurreição, a vida eterna, mediante a fé na sua pessoa e obra.

Sem a substituição da vida de Adão pela Vida de Cristo não há salvação. É verdade que a velha criatura pode fingir ser uma nova criatura.

Uma das características do velho homem é a mentira, o engano, a trapaça. Sendo assim, a hipocrisia é a túnica colorida que a casta adâmica usa, tentando se travestir de nova criatura.

Segundo Jesus, a religião dos descendentes de Adão só se preocupa com a aparência. É uma existência de casca ou fachada. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Mateus 23:27.

Ser um religioso adâmico é fantasiar-se de santinho do pau oco, usando uma máscara insuspeita de requintada idealização, para tentar ser aceito. Com este mito de que a realidade se encontra no brilho do verniz, a pseudosantidade é praticada no muque e a sofisticação desta alegoria, bagunça a celebração e o contentamento

no íntimo. O descrente fantasiado de crente é uma burla cruel e uma esquizofrenia alucinante.

A vida criada, mas contaminada pelo pecado, tornou-se inadequada para a composição da família de Deus. Por mais educados ou por mais religiosos que sejamos fica impossível ter uma existência de filhos de Aba transportando a vida psicológica de Adão. A alma egoísta tem que morrer. A alma que pecar, essa morrerá. Ezequiel 18:20 a.

A vida da alma descendente de Adão foi criada, é humana e encontra-se contaminada pelo pecado da incredulidade ou egoísmo. Não há salvação para o ego e seu egoísmo. Esta vida do egoísmo tem que morrer, pois é imprestável para a condição essencial de filhos de Deus. A vida da alma tem que ser, necessariamente, substituída pela Vida ressurreta, espiritual e eterna do Filho de Deus. Caso contrário, está tudo perdido.

Aba só tratou com dois homens aqui na terra. O primeiro Adão e o último Adão.

O primeiro, no Éden, e o último, no Calvário.

Do primeiro, herdamos, naturalmente, a vida da alma infectada pelo pecado. Somos interesseiros. Do último, herdamos, pela fé, a Vida espiritual do Seu Filho trazida da sepultura, para nos tornar filhos de Deus. Esta é a vida que nos salva eternamente. Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. 1 Coríntios 15:45.

Cristo teve que se encarnar na raça de Adão, a fim de morrer como o último Adão, isto é, como o derradeiro da raça adâmica e ressuscitar como o segundo homem, cabeça da nova criação, para nos levar a morrer e ressuscitar juntamente com ele, e, deste modo, substituir a vida da alma adâmica pela sua Vida eterna. Ego morto, ego deposto.

Sem a troca da vida da alma pela Vida que vivifica o espírito, não há regeneração. Ninguém pode se tornar filho de Deus trazendo a vida de Adão. A vida egoísta é inconciliável com a realidade espiritual da família de Deus.

Entre o primeiro Adão e o último Adão tem a morte da cruz compartilhada como o marco que sinaliza o término da vida psique da raça adâmica. Entre o último Adão e o segundo homem há a ressurreição de Cristo como a garantia da substituição da vida psique pela Vida zoe que nos torna novas criaturas. Isto não significa ser membro de igreja.

A vida psicológica descendente de Adão não tem evolução espiritual. Ela pode se tornar uma existência educada, treinada pela religião, rica em conhecimentos teológicos, mas nunca será uma realidade espiritual decorrente da Vida de Cristo. Pode crescer no saber religioso, jamais na santificação. Um indivíduo instruído na igreja, mas sem novo nascimento, pode se tornar um teólogo, nunca um filho de Aba.

A morte do ego em seu egoísmo é requerida pela fé na Palavra de Deus. Para que exista a Vida do cristianismo é preciso que se morra com Cristo para o ego. Cristão é alguém que morreu com Cristo, a fim de Cristo viver a Sua vida através dele. Salvação significa: não mais em Adão, mas em Jesus Cristo. “Não eu, mas Cristo” é o resultado final da obra salvadora realizada pelo nosso Senhor Jesus Cristo.

Paulo entendeu isto muito bem. Falando do seu ministério apostólico, ele disse ter trabalhado muito mais do que todos os outros apóstolos. Isto parece pura arrogância. Parece, mas não é. A vida de Paulo espelhava e espalhava a suficiência de Cristo do seu interior para todos os recantos por onde andava. Paulo era um morto na cruz, vivificado pela vida de Cristo.

Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios 15:10.

Antes de qualquer coisa a vida cristã é a substituição da vida natural do egoísmo pela vida sobrenatural de Cristo. Se formos dirigidos pelo nosso ego, de modo natural, então não poderemos ser governados pela Vida de Cristo na pessoa do Espírito Santo, do modo sobrenatural. A vida do ego é conflitante com a Vida do Espírito e, além disso, não há santificação de ego. Para que eu possa viver no espírito, pelo poder do Espírito Santo, é preciso que eu morra para o meu ego e seja renascido com a Vida de Cristo.

Graças a Deus por que eu já morri na cruz com Cristo. Eu não tenho que me matar. Se o egoísmo é a causa dos meus problemas, agora ele já foi crucificado com Cristo. “Não mais eu, mas Cristo” é a única realidade que transforma o velho Adão em nova criatura. Aleluia, pois esta obra já foi consumada totalmente na pessoa de Cristo. Amém.

Que o Espírito Santo nos revele este fato.

Pr. Glenio Fonseca Paranaguá

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