Instituído pela Convenção Batista Brasileira há muitos anos, o Dia do Pastor servia no passado a que as Igrejas lembrassem e homenageassem seus antigos pastores, que no seu pastorado serviram o Senhor e abençoaram Seu povo. Mais tarde, também passou a ensejar o reconhecimento por parte das Igrejas do trabalho dedicado de seus obreiros do presente, mediante programas em que participavam ovelhas de todas as idades, sempre agra decidas ao seu pastor.
Felizmente, o Dia do pastor não teve o mesmo destino de outras efemérides que se transformaram em incentivo a um consumismo desvairado. Pouca gente se lembra de comprar um presente e oferecer ao pastor. Aliás, isso não faz muita diferença. O presente que conta mesmo é a resposta pronta e jubilosa do povo de Deus à Palavra pregada, à orientação ministrada, aos desafios à fidelidade e ao cumprimento da missão como cristãos no mundo.
Pensando bem, o Dia do pastor presta-se a três propósitos, em relação ao próprio. O Dia do pastor serve para lembrar o privilégio de ser Ministro da Palavra. Nenhum de nós merecia a chamada divina e o privilégio de cooperar com Deus no pastoreio de Seu povo. Não são os anjos que houve por bem escolher como mensageiros e expositores de Sua Palavra, ainda que isso eles desejassem, e muito. Deus nos escolheu, nos provisionou e nos permitiu o preparo em escola teológica e o labor prático nas Igrejas, para o ministério que hoje exercemos.
Mais importante do que outra qualquer atividade ou empresa dos homens, porque não se prende aos limites do espaço e do tempo, o Ministério Pastoral lida com valores eternos e apresenta resultados muito além do tempo curto de nossas vidas. Aquelas pessoas que aqui conduzimos a Jesus Cristo ou para cujo crescimento nosso ministério contribuiu, começam a viver aqui e adentram as portas da eternidade. Nossa obra jamais será destruída, porque está edificada sobre a Rocha, que é Jesus Cristo.
O Dia do pastor serve para reafirmar a responsabilidade que nos assiste privilégio e impõe responsabilidade. O Ministério Pastoral envolve enorme responsabilidade: diante de Deus, que nos chamou em Cristo, diante da Igreja a que servimos, diante da sociedade, a qual espera que sejamos exemplo de verdadeiros cristãos, diante da verdade e dos absolutos do Evangelho.
Não são as glórias do mundo, a riqueza material ou a notoriedade que nos fascinam. Mas, sim, o cumprimento cabal de nossa missão, e a certeza, no fim de nosso ministério, de havermos combatido o bom combate, acabado a carreira e guardado a fé.
Incumbe-nos conduzir pessoas ao Salvador, pois fomos chamados a ser pescadores de gente. Também nos cabe fazer os crentes crescerem na graça e a amadurecerem no conhecimento do Senhor, tendo por alvo e medida a estatura do Varão Perfeito, Jesus Cristo.
Incumbe-nos transmitir a mensagem e cumprir o ministério da reconciliação (II Coríntios 5.18-19). E que oportuna e imperativa é essa mensagem, num mundo de violência e dividido como o nosso!
O Dia do pastor presta-se a que lembremos e reafirmemos as exigências do Ministério da Palavra. Sim, o Ministério da Palavra, que é excelente em sua essência, apresenta importantes exigências: Ele requer que cada um de nós se ache fiel; Ele requer que cada um de nós tenha profundo e crescente conhecimento da Palavra de Deus e do Deus da Palavra. Do Deus Pai, e Filho e Espírito Santo; Ele requer santidade de vida e com promisso, num mundo que zomba da pureza e dos valores espirituais e morais; O Ministério Pastoral requer integridade, diante da sociedade, de nós mesmos; O Ministério Pastoral requer o cultivo das disciplinas espirituais, no mesmo ritmo com o compromisso com a excelência acadêmica. Oração, leitura da Palavra, seu estudo e meditação nela, solitude e outras disciplinas de vem constituir marcas de nossa vida pessoal, como obreiros do Senhor; O Ministério Pastoral requer relacionamentos saudáveis: com Deus, com a família, com as ovelhas, com as pessoas, pois a excelência de nossos relacionamentos glorifica o nome do Senhor e decisivamente contribui para a eficácia de nossa liderança pastoral. Costumo falar dos relacionamentos do pastor como relações humanas redentivas.
Indagará você, colega, como Paulo outrora: “Para estas coisas, quem é idôneo”? A nossa capacidade vem de Deus. Que Ele tenha compaixão de nós e habilite ao exercício de nosso ministério, de modo a podermos afirmar como Paulo aos coríntios:
“Este é o nosso orgulho: A nossa consciência dá testemunho de que nos temos conduzido no mundo, especialmente em nosso relacionamento com vocês, com santidade e sinceridade provenientes de Deus, não de acordo com a sabedoria do mundo, mas de acordo com a graça de Deus” (II Co 1.12 NVI).
Deus abençoe todos os pastores neste seu Dia!
Pr. Irland Pereira de Azevedo
*Extraído do OJB