A oração do republicano

1866

“Mas o publicano ficou à distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador’.” (Lucas 18.13)

Quando nosso coração se eleva, se enche de confiança em nós mesmos e em nossa justiça levando-nos a desprezar os outros, precisamos nos lembrar dessa parábola. Nenhum de nós está imune a esse orgulho, que pode vir em várias doses. O fariseu e o publicano nos representam e somos nós que decidiremos qual deles protagonizaremos. Hoje vamos refletir olhando o publicano. Ele não contava com a simpatia dos outros. Talvez fosse alguém que, ao contrário do fariseu, lutava com o permanente senso de injustiça própria, de inadequação. Ele vai ao templo pois precisa de Deus. Como era de costume, os homens iam ao templo na hora nona, por volta de quinze horas. Era quando se realizava o sacrifício da tarde. O cordeiro era sacrificado em favor dos pecados dos adoradores. O publicano certamente não tinha dificuldades de se identificar. Ele sentia seus pecados.

Jesus diz que ele ficou à distancia. Certamente referia-se a ficar na parte mais atrás, mais longe do altar, do lugar que chamavam de santo dos santos, que simbolizava a presença de Deus. Onde apenas o Sumo Sacerdote, uma vez por ano, poderia entrar. Ele ficou à distância e orou sem levantar os olhos. Em sinal de seu quebrantamento ele batia no peito, um símbolo de dor, tristeza, lamento. Ele não tem muito a dizer. Ele quer misericórdia. Ele precisa de misericórdia. A santidade do lugar apenas o faz ter certeza mais clara de que é de fato um pecador. Lá estava ele, diante de Deus, dentro do templo. Sua oração é curta e profunda: sou um pecador. Isso é algo mais que apenas ter cometido um erro ou mesmo praticado um pecado. Ele assume quem é, e não apenas o que fez. Seja lá o que tenha feito ou se havia feito, o que pesa em seu coração é a consciência de que não é quem deveria ser. Algumas vezes por não querer e outras por não conseguir. É apenas um pecador necessitado de misericórdia.

A oração do publicano é um ensino para nós. Somos pecadores e necessitamos da misericórdia de Deus. Precisamos dessa consciência. Paulo a demonstrou, dizendo a Timóteo que era o pior dos pecadores (1 Tm 1.15). A consciência de que somos pecadores é indispensável para nossa santidade. Se pensarmos que somos melhores que outros pelo fato de não estarmos praticando os pecados que eles praticam, nossa santidade estará comprometida. Ser um pecador é nossa condição. Nossa salvação é a graça, o amor e a misericórdia de Deus. Ele nos santifica tornando possível vivermos guiados por Seu Espírito, em lugar de sermos guiados pelas inclinações do nosso coração. Ser santificado é ser guiado pelo caminho, como alguém que não consegue ver. Toda nossa vontade precisa estar envolvida, toda nossa atenção, esforço e confiança. Mas dependemos de Deus. Só Ele sabe o caminho. Um passo de cada vez é como se avança. Como desprezar alguém que cai se nosso próximo passo pode ser uma queda? Se não compreendermos o significado de sermos pecadores, jamais viveremos a verdadeira santidade. Por isso, obrigado publicano! A sua oração nos ajuda a lembrar de quem somos, mas também nos ajuda a compreender que há misericórdia para nós!

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