A escultura e a besta

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Monumento da ONU.

A escultura dos artesãos mexicanos Jacobo e Maria Angeles, um alebrije, chamou a atenção. Postada na entrada do prédio da ONU (EUA), a mistura de uma onça com um águia, chamada de “guardião da paz e segurança”, com referência à sagacidade e à vigilância do felino, a escultura foi associada de imediato com os textos de Apocalipse 13.1-3:

“Vi uma besta que saía do mar. Tinha dez chifres e sete cabeças, com dez coroas uma sobre cada chifre, e em cada cabeça um nome de blasfêmia. A besta que vi era semelhante a um leopardo, mas tinha pés como os de urso e boca como a de leão. O dragão deu à besta o seu poder, o seu trono e grande autoridade. Uma das cabeças da besta parecia ter sofrido um ferimento mortal, mas o ferimento mortal foi curado. Todo o mundo ficou maravilhado e seguiu a besta.

Antes de tudo, vamos entender o texto. Em Apocalipse 12, Satanás (o dragão) ataca a mulher (povo de Deus) e seu filho (Jesus). Em seguida vemos a figura da besta que emerge do mar que assume a imagem do próprio dragão (de dez chifres e sete cabeças, 12.3 = 13.1), pois tem a mesma “autoridade” dele (13.2). A besta é o “filho” do dragão, uma paródia de Cristo, e a imitação continua na “ferida de morte” de que ela é “curada” (13.3,4), paródia da morte e ressurreição de Cristo. E ela conduz a guerra final contra Deus e seu povo (13.5-8) e exige adoração universal (13.4-8), alusão ao culto ao imperador no primeiro século. A besta é o Anticristo, aquele que se opõe a Cristo e tenta se colocar no lugar de Cristo. É o homem do pecado (2Ts 2).

O texto fala do que acontecia no Império Romano, pois a besta aqui se refere ao imperador, na época, Domiciano (81-96), ainda que a descrição se aplique a Nero (54-68). A besta de dez chifres e sete cabeças (diferente da escultura) se refere aos dez imperadores romanos desde César Augusto até Domiciano (Dez no total – Sete excetuando Galba, Oto e Vitélio, que não reinaram). Assim, o poder das bestas (mar e terra – poder político e religioso) contra Deus já existe desde os tempos antigos (Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma – Dn 2 e 7), permanece no Império Romano, continua na história e se manifestará com força total no final dos tempos. Em Daniel 7.6 refere-se à Grécia:

“Depois disso, vi um outro animal, que se parecia com um leopardo. E nas costas tinha quatro asas, como asas de uma ave. Esse animal tinha quatro cabeças, e recebeu autoridade para governar.

Assim, o espírito do anticristo em guerra contra Deus, já existe desde os antigos pretensos monarcas, porque na verdade só Deus deve reinar por meio do seu Messias. Ele é o único rei verdadeiro e absoluto. Assim, podemos dizer que no Império Romano já está presente esse espírito do Anticristo. Mas, isso não se limita àquela época. Aponta também para o futuro. Ainda que isso tenha cumprimento na época de Roma, o texto se aplica ao desfecho do final dos tempos que ainda está para acontecer no contexto de Roma renascida.

O dragão tem duas bestas relacionadas a ele. A primeira besta sai do mar. Tem dez chifres, sete cabeças e dez coroas, representando o seu poder e a sua força. Descreve o Império Romano e aponta para o domínio futuro do Anticristo, um domínio mundial. Esses dez chifres devem ser conglomerados de poder no mundo todo, que vão se unir em torno dessa trindade satânica que se opõe a Deus.

E o texto nos revela (Ap 13.18) que o número da besta é de homem. Seu número é 666.” Que número é esse? No contexto grego e hebraico os números eram representados por letras, que tinham valor numérico. De modo geral, o número 6 nas Escrituras fazem referência ao homem na sua condição de oposição a Deus. A referência é ao poderio humano independente de Deus, motivado por Satanás, que se coloca contra Deus. O número 666 não vai estar numa estampa, no alto de uma casa escrito, mas o seu significado é o poderio humano que se levanta contra Deus. E como isso está relacionado com o Império Romano?

O império que existia no tempo de Cristo e ainda existe hoje, conforme a estátua de Daniel (o quarto animal) renascido aparece aqui. A escolha da figura da besta para se referir ao poder romano está ligada aos conhecidos monstro do caos (Leviatã, Beemote, Raabe – e agora o dragão). Sugerem-se que a expressão Tehom Qadmonah (caos primordial) daria o número da besta. A base pode estar no hebraico. Mas, os leitores do Apocalipse liam grego, portanto, a frase “Nero César” totaliza 666 em grego, um “anticristo” da epoca. O apóstolo João une a ideia do monstro do caos e do “Nero Redivivus” para descrever o Anticristo. Assim, como na época do culto imperial, todos os habitantes da terra irão adorar a besta. Somente estarão livre do poder da besta aqueles que são verdadeiros seguidores de Jesus Cristo, que tem os seus nomes escritos no livro da vida do cordeiro. A advertência é para todos.

Concluindo, a escultura mexicana nos EUA não deve nos assustar tanto, ainda que pareça estranha. A tendência de um poder contra Deus no mundo é uma realidade. Devemos ficar atentos, mas não será por meio de esculturas e figuras que o mal se revelará. Na verdade, os sinais mais claros são outros: a apostasia da igreja, a evangelização de todas as nações, a volta dos judeus para a sua terra, entre outros.

Pr. Luiz Sayão

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