Ter a Cara da Igreja

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Há um ditado popular que diz “não basta ser honesto; tem que parecer honesto também”.

Quero refletir sobre quatro coisas que, em minha opinião, também precisam unir o conteúdo à aparência.

Não basta SER IGREJA, TEM QUE TER CARA DE IGREJA TAMBÉM. Sim, porque nos últimos dias temos igrejas das mais variadas doutrinas, vertentes, confissões e aberrações. Poucas sobrevivem com as doutrinas que uma vez lhe foram confiadas. Há igrejas que se parecem com clubes. Há outras com cara de leilão. Outras há que se parecem com uma loja de liquidação. Há algumas que são boates e danceterias. Há igrejas que não têm diferença com os cultos afro-brasileiros ou com confissões esotéricas. Outras parecem-se com manicômio. Muitas delas estão pintadas de preto, fingindo ser um teatro ou um auditório secular, o que não deveria acontecer. E há igrejas que se parecem com um ringue de lutas.

Não basta SER CRENTE, TEM QUE TER CARA DE CRENTE. Sim, porque o hábito não faz o monge, é verdade. Mas, por outro lado, o veste! Se não fosse assim como reconheceríamos um médico no meio da multidão? Por que um policial apresenta-se fardado? Por que um operário veste o seu uniforme? Por que os homens de negócio trajam-se socialmente? Hoje em dia os crentes têm cara de tudo, menos de crente. Apresentam-se indignos da vocação para a qual foram chamados. Não se trajam como crentes. Vestem-se como mundanos, roupas rasgadas como mendigos, tatuagens pelo corpo todo, piercing pendurado na pele, buracos nas orelhas, cabelos coloridos, corpo sensualmente à mostra, vaidade e sensualidade à vontade. Muitos deles mais se parecem com gente de academia de musculação ou frequentadores de noitadas.

Não basta SER EVANGÉLICO, TEM QUE SE PORTAR COMO EVANGÉLICO. Infelizmente o que se vê por toda parte é um povo evangélico que não se converteu. Tratam o casamento como roupas que se gastam, vestindo-se de casados e rompendo os compromissos assumidos. Não há mais estabilidade da família. Há maridos que já se casaram três, quatro, cinco vezes. E há mulheres assim também. Começam os relacionamentos conjugais antes do casamento e às vezes casam-se com o bebê à caminho. Há gente que se relaciona com pessoas do mesmo sexo e não há mais juízo de valor nas congregações. Rompem-se os compromissos, quebra-se a moral e não há quem pregue o contrário. Isso provoca todo o mal que lemos na mídia: pastoras que matam maridos, que, por sua vez foram seus filhos adotivos; pastores que são políticos e roubam o dinheiro público; crentes que são desonestos e causam grande transtorno na praça. Ser evangélico está se tornando sinônimo de pilantragem…

Não basta DIZER QUE TEM FÉ; É PRECISO VIVER A FÉ. Há muita literatura evangélica publicada, como nunca houve. Mas a qualidade dos leitores, que deveria melhorar muito, piora a cada segundo! Isto porque a fé tornou-se apenas um assessório, um apêndice da vida humana, não algo real e que interfira em todas as premissas da vida. Por isso temos conjuntos mundanos cujos membros se dizem crentes. Durante o sábado servem à carne e no domingo puxam o louvor nas igrejas. Outros, eruditos, tocam nas sinagogas, nas seitas neopentecostais, nos shows de artistas que pagam bem e, depois, vão prestar culto em suas igrejas locais. Há ainda aqueles que falam de fé e vivem na depressão, na tristeza e no suicídio. A sua fé é nominal e desconhecem o que seja uma noite de oração, um jejum de consagração, uma experiência de plenitude do Espírito Santo. São incapazes de acreditar que a fé verdadeira é antídoto contra o mal insuportável. A fé não faz diferença para eles.

Este é um mundo que se parece com os avanços da tecnologia de imagem: alguém colhe uma cena de qualquer coisa, muda o rosto de quem deseja e apresenta um filme falso de alguém, mudando até o timbre de sua voz. Vivemos de falsidade, de mentiras, de ilusões. Somos reféns de uma época onde Satanás soltou os seus tentáculos e mantém os seus súditos como zumbis, como mortos-vivos. Por que esse tipo de filme é tão popular? Porque retrata o que a própria humanidade é, vendo-se em cada cadáver ambulante. Por que votamos em alguém que, dias depois, tira a máscara de mentiras e nos engana completamente e, em seguida, nas próximas eleições, caímos nas mesmas ciladas de outros, que se dirão os paladinos da justiça? Porque enganamos e somos enganados, um abismo chamando outro abismo. Iludimos e somos iludidos.

Chega!

IGREJA TEM QUE TER CARA DE IGREJA! Igreja é casa de oração, lugar de reverência, onde se tiram as sandálias para adorar (simbolicamente falando). Não há palco, pois não há espetáculo. Não há show, pois não há expectadores. Ali se faz o que os crentes primitivos faziam: cantavam salmos, oravam, clamavam, profetizavam, tinham a comunhão com os outros crentes e com o Senhor. Um culto racional, em espírito e em verdade. Uma casa onde tudo é claro, é decente. Não se dança para Deus, pois Ele não procura quem lhe oferte movimentos estéticos (isso fica para os bezerros de ouro que se levantam dia após dia), mas obediência incondicional, submissão em amor. Não se vende a fé, pois Ele não é um Deus de barganha. Não se engana a Deus, apresentando uma folha de méritos, pois não os temos! Igreja é hospital para os doentes, refúgio para os cansados, oásis para os sedentos e um encontro dos filhos do Rei com o Pai celestial. É a casa de quem achou o pão do céu!

EVANGÉLICO TEM QUE VIVER COMO CRISTO! Antigamente as pessoas não aderiam às igrejas, mas CONVERTIAM-SE A CRISTO. E, por causa disso eram novas criaturas, viviam de forma diferente, vestiam-se de maneira diferente, falavam com linguagem nobre e pura, não buscavam a vaidade, não se importavam com a moda. Para eles o formato de família era um casamento até que a morte separasse os cônjuges; filhos que obedeciam aos pais; pais que educavam os seus filhos; trabalhadores que serviam ao patrão como ao Senhor; patrões generosos e cumpridores da lei. Para um evangélico solteiro o corpo era guardado puro e em santidade, casto e virgem. Para ele o casamento era a única alternativa para uma vida sexual lícita e pura. Jamais com parentes, jamais com o mesmo sexo; jamais em infidelidade. Tais crentes eram honestos, não faziam dívidas impagáveis, não davam golpes na praça e viviam a fé. Temos que voltar a esse tipo de vida. Somente isso nos dará a dignidade de nos chamarmos de EVANGÉLICOS.

OS CRENTES TÊM QUE EXPERIMENTAR A FÉ VERDADEIRA! Chega de sermos meros teóricos! Chega de púlpitos que dizem: “a minha posição sobre isso é…”, “eu acho que…”, “em minha opinião”. Está na hora de crer no que Deus diz e lançarmos com confiança a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus Cristo, autor e consumador da fé. Está na hora de obedecermos a bíblia, não de diluí-la até virar um leite desnatado. As pandemias não podem ceifar a nossa fé. Nem o desemprego, nem a enfermidade, nem as guerras, nem as contrariedades. O verdadeiro soldado é treinado nas situações mais difíceis, pois as  carecem de gente forte e decidida, experiente e confiante. Os crentes também devem conhecer a Deus e fazer a Sua vontade. Devem atravessar o vale da sombra da morte sem temer mal algum; devem passar pelas provações com a convicção de que Deus é presente; devem sofrer a cruz da ignomínia, da perseguição e da dor com a certeza de que nada poderá afastá-los do Senhor Jesus Cristo. A fé tem que ser provada e aprovada e é desta fé que precisamos hoje!

Quando eu passar na rua, mesmo que velhinho, quero que me olhem e possam dizer: “Ali vai um homem que verdadeiramente conhece a Deus!” Isto é o melhor que desejo a mim, quando completo 55 anos de idade, e que também desejo a cada um dos meus leitores. Que o nosso convívio com Cristo seja tal que, em algum momento de nossa existência, estejamos mais para ENOQUE, que de tanto andar com Deus foi levado para o Céu, numa experiência crescente de convívio e amor.

Que assim seja.

Pr. Wagner Antonio de Araújo
Colunista deste Portal

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