Em uma coletiva de imprensa no início de julho, o presidente da Igreja dos Irmãos na Nigéria, reverendo Joel Billi, disse a jornalistas que a igreja havia perdido até agora 8.370 membros e oito pastores em ataques do grupo militante islâmico.
O número está crescendo, disse ele, expressando preocupação com os ataques não serem relatados. “Desde o final do ano passado, 2019 até junho de 2020, houve mais de cinquenta ataques diferentes a diferentes comunidades, realizados pelo Boko Haram, e a maioria não foi relatada ou foi reportada nem pela imprensa, nem pelas autoridades”, revelou Billi.
A violência havia afetado quase todos os 60 conselhos distritais da igreja na região, com mais da metade das igrejas queimadas ou destruídas. “Muitos membros da igreja perderam suas casas por saques ou incêndio criminoso”, explicou.
Mais de 700 mil membros da igreja foram deslocados desde que o Boko Haram iniciou seus ataques na região, e pelo menos 25 mil ainda vivem em campos de refugiados em Camarões, país vizinho à Nigéria. Outros foram sequestrados. Entre eles estão vários líderes e 217 das 276 alunas de Chibok que foram sequestradas pelo Boko Haram em abril de 2014, que também são membros da denominação. Seis anos depois, 112 das meninas ainda estão desaparecidas.
A Ekklesiyya Yan’uwa [Igreja dos Irmãos] é a maior denominação cristã no nordeste do país, com filiais nos países vizinhos. Foi fundada em 1923 por missionários norte-americanos.
A insurgência do Boko Haram, iniciada em 2009, matou dezenas de milhares de vidas e deslocou mais de 2 milhões de pessoas.
Os ataques do Boko Haram e de outros grupos militantes islâmicos, incluindo pastores militantes Fulani, foram “sistemáticos… planejados … calculados”, disse o arcebispo anglicano de Jos, Benjamin Argak Kwashi, em uma entrevista à imprensa sobre a situação na Nigéria, na semana passada. Havia uma indicação clara “de que a intenção deles é islamizar” a nação, disse.
A Nigéria é o 12º país na Lista Mundial da Perseguição 2020, que classifica os 50 países que mais perseguem cristãos no mundo. Produzida anualmente pela Portas Abertas, a pesquisa que gera a Lista avalia a Nigéria como um dos países da África que mais desrespeita os direitos humanos e civis de sua população, principalmente cristã. Cristãos são mortos, sequestrados e presos arbitrariamente, casas e lojas de propriedades cristãs são saqueadas, destruídas e incendiadas. (Fonte: Portas Abertas)