Liderando em tempo de crise

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“A crise não é para ser administrada, a crise é para ser liderada”. (John C. Maxwell)

Atos dos Apóstolos 27.13-28.10

Estamos atravessando uma crise sem precedentes na história da nossa nação. As pessoas estão acuadas e enclausuradas por causa do Coronavírus. O medo das possíveis consequências da quarentena se alojou na mente das autoridades e do povo.  Chegou o momento oportuno de líderes eclesiásticos e paraeclesiásticos assumirem a linha de frente da crise. É para um período como este que DEUS levanta o líder da igreja. Bill Hybels, no livro Liderança Corajosa, escreveu: “A igreja local é a esperança do mundo, e seu futuro está nas mãos de seus líderes”.

O apóstolo Paulo foi um líder exponencial. Segundo John Maxwell, “Paulo foi um líder que não podia ser contido (1). Sua capacidade de influência era ultracircunstancial. Quanto maior a crise, maior foi a sua liderança.  Aprendemos com o apóstolo Paulo três medidas a serem tomadas no momento de crise:

Priorize as pessoas

 Paulo e os tripulantes do navio não sabiam exatamente onde estavam e com medo de que a embarcação fosse arrastada para as pedras ou destroçada pelas ondas, cingiram com cordas o casco do navio para fortalecê-lo e lançaram ao mar a carga. Na esperança de salvar as pessoas, fizeram algo que parece ser estúpido: se desfizeram da carga. Lançar o carregamento ao mar foi o mesmo que jogar uma pasta com dinheiro no fundo do oceano, em outras palavras, eles jogaram dinheiro fora. Mas, avaliando as prioridades, o que fizeram foi correto. As pessoas são e sempre serão prioridade. Mais importante que atravessar a tempestade com dinheiro é chegar ao final dela com vida.

Neste período de quarentena, com prazo indeterminado, devido ao Coronavírus, o líder deve se preocupar muito mais com as pessoas do que com a estrutura da igreja. Os líderes estão investindo energia na tentativa de manter as suas igrejas, seu calendário e os seus programas. Nunca se usou tanto os recursos tecnológicos como áudios, vídeos, lives no Facebook, Meet, Zoom e no Instagram. Até mesmo os líderes, que nunca fizeram uso desses recursos antes, estão fazendo um enorme esforço para aprender a usá-los para se comunicar. A preocupação com a saúde financeira de suas greis e projetos têm fadigado a liderança eclesiástica porque não podemos desconsiderar a contribuição financeira. As despesas das organizações eclesiásticas não estão em quarentena, é preciso honrá-las. Pense que mau testemunho seria o endividamento? Infelizmente, os líderes estão mais preocupados em manter as estruturas físicas e as pessoas que estão dentro delas ao invés de alcançar outras pessoas com a mensagem de esperança. Todo o empenho tem sido feito para alcançar os crentes que estão dentro das próprias casas, suprindo-os com mensagens e orações. Enquanto isso, as pessoas que não fazem parte da igreja não estão sendo alcançadas.

Voltemos ao texto bíblico, em meio à forte tempestade que provocou o naufrágio, os moradores da ilha de Malta creram em JESUS. Quando os habitantes da ilha se converteram, Paulo e os tripulantes não tinham mais embarcação, ela havia sido arrebentada pela tempestade. Será preciso perder os nossos prédios para priorizarmos os não-crentes? Em meio à crise estamos mais preocupados com a manutenção da estrutura ou com a missão de levar o Evangelho a toda a criatura?

Responda à crise

Paulo não ficou inerte em meio à tempestade. Muito menos permaneceu em silêncio esperando as coisas normalizarem. Ele se levantou diante de todos e deu a eles uma palavra de esperança. Durante toda a viagem, em meio à tempestade, Paulo esteve ativo, exortando, encorajando e mostrando o caminho a ser seguido. A liderança de Paulo foi uma resposta em meio à crise. O verdadeiro líder não administra a crise, ele lidera na crise. A autêntica liderança se mostra ativa e eficaz nos momentos mais escuros e severos da história. O ex-prefeito de Nova York, Rudy Giuliani, afirmou: “A pessoa certa na liderança se mostra ainda melhor nos momentos mais difíceis”.

Neste período de quarentena, em que a sociedade está sendo assolada pelo Coronavírus, a liderança eclesiástica está passiva, apenas administrando a crise. Estão em silêncio esperando as coisas acontecerem. Muito mais do que esperar as coisas normalizarem, é o momento de o líder dar uma direção. É preciso fazer mais que administrar, é necessário liderar. A liderança eclesiástica vive um momento singular da história, mais do que realizar a manutenção dos cultos é preciso fazer da crise uma oportunidade para mudar paradigmas e alcançar pessoas. Com certeza, os tripulantes daquela embarcação nunca mais foram os mesmos, não por causa da tempestade, mas por causa da liderança de Paulo. A liderança eclesiástica tem a oportunidade de mudar os rumos da igreja, de romper com o status quo e sair da manutenção para a missão.

Planeje as ações

O apóstolo Paulo tinha suas ações devidamente planejadas. Ele sabia para onde estava indo, seu destino era Roma; sabia qual era o seu propósito, testemunhar de JESUS para o imperador. A tempestade não impediu o apóstolo de executar o plano. O planejamento do apóstolo não era uma resposta para a tempestade. Seu planejamento contemplava algo maior que a efêmera crise que o afligia, a expansão do evangelho por todo o Império Romano. O período de quarentena por causa do Coronavírus, para algumas organizações eclesiásticas não está interferindo em nada, a não ser na realização dos cultos. Não estamos dizendo que o culto não é fundamental, mas a igreja deve ir além de suas celebrações. Igrejas relevantes na sua cidade e no mundo estão se articulando para continuar com o sustento para plantação de igrejas, com as parcerias missionárias do outro lado do globo terrestre e com os seus projetos sociais. Se neste período de quarentena, a única ação que a sua igreja suspendeu foram os cultos públicos, urgentemente o líder precisa avaliar a relevância de sua igreja na cidade. Para o líder que sabe para onde vai, tem metas claras, exequíveis e mensuráveis, o período de quarentena não interferirá em nada na agenda da sua igreja.

 Parafraseando o famoso escritor inglês, C. S. Lewis:  “A crise é um megafone ensurdecedor para urgentemente avaliarmos e planejarmos mudanças necessárias em nossas igrejas”.

Pr. Olavo Vigil

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