Estas foram as duas questões tratadas por Gordon MacDonald, no seu excelente livro: “Ponha Ordem no Seu Mundo Interior”. O impelido não tem convicções profundas, foi empurrado para uma posição de destaque, remetido a um ofício nobre, mas sem um chamado sublime, do alto; lançado da plataforma dos interesses pessoais, projetado por si mesmo e atirado no mundo das emoções vazias, da ganância e vaidade. Ele está comprometido com a aparência, o sucesso, egocentrismo e estrelismo. Ser impelido é viver na contramão do vocacionado. O impelido no ministério é uma catástrofe. Não tem firmeza e realiza o ministério de qualquer maneira. É uma pessoa descomprometida com o saber de Deus, das Escrituras e com a realidade do povo que lidera. Não tem paixão pelas almas. Não cuida da família como Deus determina em Sua Palavra.
Outra marca do impelido é adorar o trabalho, dedicar-se plenamente a ele e deixar a família. Ele trabalha com a convicção de que trazer o dinheiro para casa é a coisa principal, minimizando a sua liderança em casa. Ele foca o trabalho em detrimento de sua família. Para ele, a relação familiar é maraca pela troca e pelo desempenho. O impelido é conhecido pelo desequilíbrio. Tem mais afeição pelas coisas do que pessoas. Suas amizades são superficiais e geralmente ligadas às suas áreas de interesse. Enfatiza a razão e se esquece do coração, especialmente do equilíbrio entre ambos. Ser impelido é andar por uma estrada perigosa, cheia de curvas e buracos. O impelido está muito mais preocupado com o seu sucesso pessoal do que com o grupo, coletivo ou com a equipe. Aliás, ele tem muita dificuldade em interagir. É inteligente, competente, mas é ruim nos relacionamentos. Ele dá conta do recado sozinho, pois não interesse em interagir, em buscar soluções com outros.
O vocacionado, na contramão do impelido, tem convicções profundas, sendo orientado por valores. Ele tem consciência plena do seu comissionamento, modo de vida, sua carreira, seu projeto de vida, sua paixão avassaladora por Deus, família, trabalho e pessoas, relacionamentos saudáveis. É uma pessoa mansa, humilde, amorosa e tem prazer em tratar da família e do trabalho em equipe. Optou por uma vida simples, com um forte relacionamento familiar. O líder vocacionado não está preocupado com a aparência, mas com o coração. Ele sabe que Deus não abençoa o sucesso, mas a fidelidade. O vocacionado tem convicção do chamado de Deus para um trabalho específico. Tem consciência de que o trabalho é vocação. Faz o seu trabalho com excelência, equilibrando o coração com a razão. É uma pessoa alinhada com o conhecimento de Deus. Tem prazer na comunhão com Ele.
A marca do vocacionado é a prioridade de Deus em sua vida. Depois, a família e a sua missão. A sua liderança em casa tem o selo das Escrituras. No seu trabalho, no exercício da sua vocação, ele tem prazer em lidar com a equipe, interagir, valorizando os seus companheiros de jornada. Ele não está focado no seu sucesso pessoal, mas no da família e equipe de trabalho. É inteligente, competente e altamente qualificado nos relacionamentos. Reparte com outros a oportunidade do crescimento nas várias dimensões. A sua vida é marcada pelo equilíbrio entre o ser e o fazer; pensar e agir. Há sintonia e sinergia no exercício da sua vocação.
O impelido deixa uma lastimável herança, pois viveu centrado em si mesmo. Não deixou saudades à semelhança do Jeorão, rei de Israel. A sua vida não foi modelo, referencial para os filhos e para a sua geração. Não fez amigos. Morreu infeliz. Perdeu de vista as coisas mais nobres e especialmente Deus e a família. Que o Senhor nos livre de ser impelidos. Que Deus nos conceda a benção da vocação, do trabalho nobre e enriquecedor! Como vocacionados, deixemos o nosso legado de amor, humildade, solidariedade, justiça, simplicidade, proatividade, criatividade, assertividade, altruísmo e gratidão. Vivamos como vocacionados, cheios de amor a Deus, família e as pessoas, sendo apaixonados pelo exercício da vocação, do trabalho diligente que realizamos acima de tudo para o Senhor, para a Sua glória!