Existe uma concepção muito difundida (e muito errada) de que a ira é um sentimento pecaminoso. É por pensar assim que muitas pessoas se sentem culpadas ao irar-se, ou simplesmente negam que estejam iradas. E é seguindo esse pensamento que outras tantas não conseguem externar a sua raiva. Retêm-na até não poder mais, e, por fim, explodem como uma panela de pressão defeituosa.
É preciso que saibamos que nenhum sentimento é pecaminoso em si. A forma como lidamos com as nossas emoções é que pode ser certa ou errada. As atitudes que assumimos podem ser santas ou pecaminosas. Os sentimentos, por outro lado, escapam a essa categorização. Eles são apenas sentimentos. E, como tal, são humanos e legítimos. Isso inclui a raiva.
“A raiva é uma emoção colocada por Deus no coração humano, e é parte da imagem de Deus no homem, para ser utilizada com fins construtivos”, escreveu David Seamands.
Se a ira fosse pecado, a Bíblia não falaria tantas vezes sobre a ira de Deus. Mas existem mais de seiscentos registros na Escritura de que Deus se irou. Sim, Deus se ira, e os seres humanos, criados por ele à sua imagem e semelhança, se iram também. Paulo ensossa essa posição ao escrever: “Irai-vos, e não pequeis…” (Ef 4.26). O apóstolo está dizendo que é possível nos irarmos sem cometer pecado. Sim, crente também passa raiva!
Porém, Paulo segue adiante, e diz: “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Não devemos confundir a raiva com o ódio, o ressentimento, a mágoa e o desejo de vingança. Se não lidarmos corretamente com a nossa ira, ela pode se estagnar, e se transformar em uma dessas disposições malignas. Portanto, não é errado sentir raiva, mas pode haver problema na maneira como procedemos com relação a ela. É para isso que devemos atentar.
Pr. Marcelo Aguiar
Colunista deste Portal