A ala evangélica em Brasília voltou a ser tema de debate esta semana. Dessa vez, por conta de uma discussão nas redes sociais, em especial no X (antigo Twitter), onde os usuários pediam pela “CPI das Igrejas Evangélicas”, após alguns políticos evangélicos declararem apoio à CPI da Câmara dos Vereadores de São Paulo, contra o padre Júlio Lancellotti, alvo de investigações por conta de desvio de dinheiro público para ONGs. A embate chegou a ser batizado de “igrejofobia”, pelo líder da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Eli Borges (PL-TO).
“No Brasil há muito mais cristofobia do que, de fato, homofobia. É perceptível e lamentável que estamos convivendo com a ‘igrejofobia’, quando fatos isolados são usados para macular uma instituição vital para a rotina e perpetuação dos valores advindos do cristianismo”, afirmou Borges, em entrevista ao Correio Braziliense.
“Somos cerca de 70 milhões de evangélicos no país, mais de 200 mil ministros, não se pode pegar fatos isolados e comprometer a instituição igreja. É bom lembrar que fazemos um gigantesco trabalho social praticamente a custo zero para o erário público”, justificou o deputado.
“Se buscamos imunidade é porque isso está garantido pela Constituição Federal, e também porque o Estado brasileiro é laico. Em outro ângulo, os membros das comunidades religiosas já pagam impostos, se a igreja pagar teríamos aí uma bitributação”, afirmou Borges.
A reclamação do deputado está baseada na grande quantidade de mensagens de internautas que disseram que havia perseguição ao padre, cujo trabalho seria unicamente social, enquanto que as igrejas seriam beneficiadas por não pagarem impostos e também serem alvos de suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e uso político das instituições religiosas. O debate chegou ao trending topics, como o assunto mais comentado do dia.
“A isenção de impostos não pode servir de trampolim político para ninguém, para nenhum líder religioso. Além disso, muitos fiéis buscam na igreja um alento espiritual, não é justo que líderes religiosos se aproveitem desse sofrimento para ter algum tipo de ganho político, para manipular politicamente a fé alheia”, argumentou o professor e político Thiago Bagatin, em um vídeo em suas redes sociais.
Sobre a polêmica
A CPI da Câmara dos Vereadores de São Paulo investiga a utilização de dinheiro público por ONGs que atuam no centro de São Paulo, na região da Cracolândia. O padre Júlio Lancellotti é acusado de fazer parte desse esquema. O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), autor do requerimento, afirmou que as CPIs são legitimas e prerrogativas dos poderes legislativos.
Já o padre Lancellotti disse: “o objetivo dessa (CPI) é a questão da política pública com pessoas dependentes químicas, principalmente em área de cena de uso, que são pessoas em situação de rua. Quem executa essas políticas são OSCs (organizações da sociedade civil) com o poder púbico, e eu não pertenço a nenhuma OSC”, ressaltou à CNN. Com informações do Correio Braziliense e da CNN Brasil.