Será que ainda existe santidade?

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Foto: Freepik.

Para muitos cristãos, a santidade é ligada à ideia da ausência de pecados e de prazeres mundanos. Para outros, ela só existe no céu, entre os anjos, onde Deus, o Santo dos santos, habita no lugar onde o pecado não entra e a pureza é absoluta.

Falar de santidade entre os homens soa como uma postura de prepotência da parte de quem pensa ter o direito de se igualar aos seres celestiais. Contudo, o apóstolo Paulo diz: “porquanto Deus não nos chamou para a impureza e sim para a santificação” (1Ts 4:7); Pedro diz que tem-se que ser santo, pois Deus é santo (1Pe 1:16) e o livro de Hebreus acrescenta: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).

Tais passagens bíblicas são um imperativo para quem quer seguir a Deus. O conflito começa quando se descobre que Deus ordena uma vida de santidade neste mundo terreno e corrompido. Há um impasse entre ser santo e ser humano, entre buscar a santidade e aceitar a humanidade. A luta é estabelecida entre carne e espírito.

Paulo, em sua carta aos crentes de Roma, fala desse governo da carne que ainda resiste em nós. “Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.” (Rm. 7:18,19)

Para tentar superar essa crise, o pastor Emerson Pinheiro, da Igreja Profetizando às Nações, no Rio de Janeiro, esclarece que ainda que seja difícil conseguir a santidade, não há motivos para se assustar ou desanimar da luta de ser um humano limitado, mas santo ao mesmo tempo.

“A minha santidade não anula a minha humanidade, assim como não posso deixar que a minha humanidade anule a minha santidade. Uma vez que me torno uma nova criatura, eu passo a ter a consciência do pecado e assim eu tenho entendimento do que ofende a Deus e o que não O ofende. Nós podemos e devemos ser tolerantes com a nossa humanidade, mas não podemos ser tolerantes com o pecado. Ser humano e santo requer devoção, vigilância em todo o tempo, e sempre trazendo à memória que eu existo para glorificar a Deus e honrar a Sua Palavra e não envergonhar o Evangelho.”

Por que é tão difícil?

O pastor Emerson reconhece que a santidade é um desafio difícil de se alcançar. “É difícil porque agradar à carne sempre é mais fácil e não requer esforço. Vivemos um tempo de superficialidade dentro das igrejas; somos bons de música e péssimos de Palavra, e é a Palavra que nos santifica. As nossas conexões também influenciam a nossa vida de santidade. Precisamos rever com quem temos andado: as minhas companhias contribuem para eu me aproximar de Deus ou me afastar? Quando eu falo de conexões, estou falando também de dentro da igreja, pois é ilusão nossa achar que todos os que estão dentro da igreja querem realmente viver uma vida de santidade. Então, precisamos rever, pois algumas conexões não são saudáveis e são incompatíveis com aquilo que Deus quer fazer em nós.”

Na visão do pastor, esse desafio a cada dia se torna maior devido à secularização dentro das igrejas e ao abandono da sã doutrina. “Estão trocando o Evangelho verdadeiro por autoajuda, por coach, por comédias. Jesus deixou de ser o centro e o homem passou a ser o centro. Com isso, temos visto uma geração cosmética, com muito brilho mas sem conteúdo, uma geração de pessoas que não aguentam ser confrontadas e, quando são, mudam de igreja. Então sim, temos um desafio pela frente, mas com a graça de Deus e muita oração cremos num avivamento na nossa nação.”

Ainda é possível ser santo

Muita oração, exposição da Palavra, voltar ao Evangelho sem mistura, que prega que Jesus salva, cura, liberta, batiza com o Espírito Santo e vai voltar, e aqueles que tiverem suas vestes lavadas no sangue do cordeiro vão subir. Essas são as dicas que o pastor Emerson dá para se recuperar a santidade perdida – ou para alcançá-la.

“Precisamos orar muito e falar da volta de Jesus, da eternidade. Muitas pessoas dizem acreditar em Deus, mas vivem como se Ele não existisse. Isso é triste, mas não podemos desanimar. Creio que Deus está agindo de maneira poderosa e veremos jovens se levantando nos quatro cantos da nossa nação com a bandeira do Evangelho e da santidade. Alguém disse que o maior presente que podemos dar à sociedade é uma vida de santidade”, conclui o pastor.

Biblicamente, esses são caminhos que levam à santidade, como diz o salmista. “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação. (Sl. 24:3-5)

Por Lilia Barros – RC.

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