Honra teu pai…

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Dois textos bastante conhecidos das Escrituras Sagradas (Êx 20.12; Ef 6.2) abordam padrões de relacionamento intrafamiliar geradores de saúde. As ciências que estudam o comportamento humano reconhecem a importância dos relacionamentos entre pais e filhos na estruturação da personalidade infantil, bem como na saúde geral do sistema familiar.

Entretanto, podemos nos perguntar o que exatamente significa “honrar pai e mãe”. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa Oxford Languages, “honrar” significa “expressar glória e louvor; venerar, “reverenciar”. É um princípio de comportamento baseado em valores, como a honestidade e a dignidade. Honra pode ser também uma forma de demonstrar respeito.

No sentido bíblico, a palavra grega para “honra” significa “reverenciar”, “estimar” e “valorizar”. “Honrar” é dar respeito não apenas pelo mérito, mas pela posição (Rm 12.10). Esse é o sentido mais profundo do mandamento divino.

Será que hoje em dia os filhos têm honrado seus pais? Com muita frequência ouço, em conversas de aconselhamento com famílias, filhos insultando os pais, chamando-os de idiotas ou outras palavras de baixo calão, que em nada demonstram respeito ou estima, muito menos valorização e reverência. E tristemente vejo pais baixando a cabeça e tomando uma postura totalmente passiva diante de tais insultos, ou até mesmo chorando de tristeza e vergonha.

Penso que, em grande parte, esses filhos não honram seus pais porque, durante seu processo de formação da personalidade, os pais não agiram como pais e sim como “agentes financeiros” dos insaciáveis desejos dos filhos, ou como “amiguinhos” adultos dos filhos. Esqueceram por completo que o exercício dos papéis parentais exige uma estrutura familiar bem definida, a definição de hierarquias bem definidas e flexibilidade.

Terapeutas familiares afirmam que famílias saudáveis mantêm estruturas consistentes e flexíveis. Estruturas são fundamentais para a realização das tarefas que levam ao desenvolvimento e ao bem-estar da família. Por isso as famílias necessitam saber, de forma clara, quem se encarrega do quê e quais são as regras e os limites. Estruturas são valores essenciais, especialmente nos momentos de transição e de crises.

A estabilidade de uma família provém da capacidade que ela tem de definir regras claras e consistentes para as diversas idades de seus membros e de estabelecer padrões de interação com limites claros e permeáveis.

Famílias saudáveis possuem estruturas hierárquicas bem definidas e demonstram um compromisso de cuidado e de responsabilidade para com seus guias. Em contraposição, famílias disfuncionais usam de coerção, enfocam as más condutas, os fracassos, o controle e o castigo – sem uma liderança clara, tendem à ansiedade e à confusão.

A flexibilidade, por sua vez, permite que as mudanças sejam aceitas e processadas. A capacidade que uma família tem de fazer ajustes quando necessário é sempre um sinal de saúde. Em qualquer casal, a rigidez conduz ao estresse, à desunião e à enfermidade. Um casal flexível, ao contrário, converte-se numa coalizão parental igualitária em que o poder é compartilhado.

Pais que conseguem desenvolver estruturas consistentes, com hierarquias definidas e flexibilidade nos processos de desenvolvimento serão honrados por seus filhos.

Por Carlos Catito e Dagmar 

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