Vivendo a Compaixão em tempos de escassez

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Leitura Bíblica: 1 Reis 17.8-16.

Esse texto fala sobre uma senhora viúva, que não sabemos o seu nome, não era judia. Vivia em Sidon a noroeste de Israel. Nesse tempo, Elias estava fugindo do rei Acabe, portanto, precisava de um lugar afastado. Mesmo fora das fronteiras de Israel, essa região também foi atingida pela seca profetizada por Elias. É essa mulher, viúva, que demonstrará sua compaixão para com o profeta. Ajudar alguém com o que está sobrando pode não ser tão difícil, porém entregar a última porção, é um teste de fé. Essa será uma (não a única) grande prova de fé desta viúva.

O mundo enfrenta uma crise sem precedentes. Países ricos se viram impotentes diante de uma doença, que além de provocar mortes, provocou também crises políticas, sociais e econômicas; colocou a liberdade individual e de culto em cheque. Atingiu também a funcionalidade das igrejas. A verdade é que o mundo tem neste momento um problema em comum. Elias e essa viúva também tinham a falta de alimento em comum e, juntos, confiados nas promessas de Deus, sobreviveram à escassez.

I – O exercício da compaixão nos coloca em situações extremas. Posso imaginar como foi difícil para o profeta pedir àquela Senhora para cozinhar seu último suprimento para ele ter uma refeição. Essa é uma situação onde um homem de Deus vive seus limites. Ele conhecia a Deus, mas talvez não conhecesse a experiência que a viúva tinha com Deus. Há momentos em que chegamos a pensar que existe alguma coisa errada nesta história. Talvez não entendemos bem o que Deus disse, imagine Elias: “Como assim? Me mandou para ser alimentado por uma mulher que não tem comida? Isso parece não fazer qualquer sentido!”. Momentos assim, só nos resta confiar em Deus.

II – O exercício da compaixão depende de fé. A viúva foi desafiada a preparar uma refeição com seu último suprimento, primeiramente para Elias, e só depois poderia cozinhar para ela e seu filho. Isso é uma prova de fé. Com essa obediência ela estava dizendo: “Eu creio que Deus vai me suprir”. Ela agiu como Abraão, que subiu ao monte do sacrifício crendo que Deus iria prover o cordeiro para o sacrifício. Essa viúva só exerceu a compaixão, preparando sua última refeição para o profeta, porque creu na palavra de Deus, dita pelo profeta, que a farinha e o azeite durariam até chover novamente e terem suprimento.

III – O exercício da compaixão ensina que Deus acrescenta onde aprendemos a tirar.

Deus não encheu a panela de farinha nem a botija de óleo, mas cada vez que a viúva tirava, Deus acrescentava. Tanto para a sua refeição com o filho, quanto para Elias. Essa experiência vivida pela viúva é repetida muitas vezes ao longo da Bíblia. Vale destacar que o azeite e a farinha só eram acrescentados quando ela tirava, não antes disso. Aprendemos então que Deus vai acrescentando quando nós vamos aprendendo a compartilhar e não acumular.

IV – O exercício da compaixão ensina que somos ajudados enquanto ajudamos. – Outro fato curioso é que essa viúva não estava apenas salvando Elias da fome, mas salvando a si mesma. Lembremos que era a última refeição que ela tinha. Deus queria não apenas salvar Elias da fome, mas a viúva e seu filho também. Caso contrário, Deus usaria uma forma sobrenatural, como foi o caso de usar os corvos descrito no início do capítulo 17 de 1 Reis. Deus também estava interessado na salvação da viúva, por esse motivo enviou Elias até ela. Precisamos entender que há propósito em todas as coisas, inclusive quando Ele envia alguém para pedir. Se nós não aprendermos a ter compaixão, a viver a compaixão, nossa vida cristã ficará cada vez mais vazia e sem propósito. Por isso, viva a compaixão.

Pr. Daniel Solano, missionário no Leste da África

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