O novo e o velho

1502
Foto: Reprodução.

Início de ano é ocasião oportuna para recordar o que passou, avaliar o que se fez e o que ficou por fazer. Cos­tuma haver sentimento de culpa pelas omissões. O ano que surge parece portador da esperança de compensar algumas perdas sofridas no ano findo.

Daí o desafio do novo. Que significa o novo?

1. Sentido cronológico. As diferentes idades identificam as pessoas mais novas. O filho mais novo faz contraste com o mais velho. Na família cristã há os crentes mais novos na fé, visto que a evangelização produz essa experiência nas Igrejas.

2. Sentido ético. Aqui realça a questão dos valores e compromissos. Quando a Bíblia menciona “nova criatura”, “nascer de novo” e “novidade de vida” está cobrando dos cristãos os padrões do Evangelho. Virtudes que devem adornar a vida cristã. Note-se a relação entre o novo em relação ao antigo e ao antiquado. Temos casa velha, roupa velha, método velho, podendo não ser antiquados. E casa antiquada, roupa antiquada, método antiquado, podendo não ser velhos. Noutras palavras: o valor das coisas não depende, necessariamente, do tempo. Pode haver um crente idoso e com muitos anos de Igreja, mas com ideias novas e sempre adaptado a situações novas, assim como um crente jovem e preso a conceitos ultrapassa­ dos e radicais. Então, paradoxalmente, o velho pode ser novo e o novo pode ser velho.

3. Sentido teológico. Mateus 9.17 estabelece uma relação entre o judaísmo e o cristianismo, na figura do odre velho que não suporta o vinho novo. O judaísmo é vasilha imprópria para receber o conteúdo da mensagem evangélica. Coincide que o velho é inadequado, nessa ilustração. Convém fazer a passagem para o novo rompendo com o legalismo, não apenas o jejum, que motivou esse oportuno ensino do Mestre. Mateus 13.52 registra a expectativa de Cristo ligada aos intérpretes do Reino, que devem saber lidar com as “coisas novas e velhas”. Um apelo aos escribas cristãos.

Estejamos abertos ao novo, avaliando-o, não simplesmente rejeitando-o por ser novo. E não menosprezemos o velho por ser velho. Que as velhas ideias sirvam às novas, e as novas tenham o que oferecer às velhas. Esse intercâmbio promove crescimento.

Pr. Francisco Mancebo Reis

Deixe uma resposta