“Cante, ó cidade de Sião; exulte, ó Israel! Alegre-se, regozije-se de todo o coração, ó cidade de Jerusalém! O Senhor anulou a sentença contra você, ele fez retroceder os seus inimigos. O SENHOR, o Rei de Israel, está em seu meio; nunca mais você temerá perigo algum.”(Sofonias 3.14-15)
Sofonias é um livrinho esquecido. Podemos afirmar que estes três breves capítulos representam o último alerta feito por um profeta menor antes do exílio babilônico. Escrito durante o reinado de Josias (640-609 a.C.), Sofonias proclama a vinda do Dia do Senhor. Este é um tema presente na maioria dos livros proféticos e, provavelmente, objeto das expectativas diárias de um povo sofrido que aguardava a intervenção miraculosa de seu Deus para o livrar de todos os males que o assolava.
Sem dúvida, o Dia do Senhor indica a intervenção futura de Deus na história. O grande problema na compreensão popularizada em Judá era a insistência em esquecer que o Dia do Senhor traria a aplicação do juízo de Deus. Juízo este que tem como alvo a iniquidade do próprio povo da aliança, não apenas as poderosas e perversas nações que os oprimiam. Como é fácil olhar o pecado dos outros enquanto nos cegamos em relação à nossa própria infidelidade. Os profetas conclamam o povo ao arrependimento. Sem purificação, não há alegria.
É sobre isso que o último capítulo de Sofonias trata. O Senhor manifestará sua ira contra a iniquidade de todas as nações, inclusive Judá (Sf 3.8). Contudo, esta ação punitiva não visa a destruição, mas a purificação espiritual de todos os povos (Sf 3.9). O Senhor age para purificar a língua (Sf 3.9), a adoração (Sf 3.10), a postura diante de Deus (Sf 3.11-12) e o compromisso com a verdade (Sf 3.13) daqueles que vivem em um relacionamento de fé com Ele. A ação purificadora
de Deus produz um povo inabalável: “Eles se alimentarão e descansarão, sem que ninguém os amedronte” (Sf 3.13). Quantas vezes falta alegria em nosso viver porque nos negamos a receber a disciplina santificadora do Senhor? Nosso vigor espiritual depende da ação purificadora de Deus. E um coração revigorado pode experimentar alegria seja qual for a situação.
Esta alegria é fruto da presença de Deus: “Alegre-se, regozije-se de todo o coração, […]
O SENHOR, o Rei de Israel, está em seu meio” (Sf 3.14-15). Onde o Senhor se faz presente de modo poderosamente amoroso? Onde ele quer manifestar sua salvação! “Não tema, ó Sião; não deixe suas mãos enfraquecerem. O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar” (Sf 3.16–17). O Dia do Senhor profetizado por Sofonias é, portanto, o dia da visitação poderosa de Deus para que todos testemunhem de sua justiça e seu amor. Justiça, ao punir a perversidade humana. Amor, ao abrir as portas da salvação aos que dele se aproximam pela fé.
Não há maior motivo para a alegria do que a presença misericordiosa e purificadora do Senhor. Ele mesmo se regozija em seu povo. Ao ver cumprida sua obra em nós, nosso Deus exulta: “Ele se regozijará em você; com o seu amor a renovará, ele se regozijará em você com brados de alegria” (Sf 3.17). A alegria de Deus em nós é a razão de nossa alegria nele! Só pode haver felicidade numa vida que encontra sua alegria na glória de Deus.
Pr. Lucas Rangel de Castro Soares