Pai diz que Marília Mendonça deveria ter seguido a carreira gospel

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Foto: Reprodução/Internet.

Ainda é difícil e pesado aceitar a morte precoce de Marília Mendonça, vítima de um acidente aéreo fatal no último dia 05 de novembro, aos 26 anos, junto a outras quatro pessoas, na região da Serra de Caratinga, em Minas Gerais. A cantora, que alcançou o sucesso rapidamente e sua meteórica carreira no sertanejo, tinha uma relação com a música antes de começar a compor e fazer sucesso, em 2015.

Recentemente, conforme OFuxico destacou, um vídeo antigo, no qual ela aparece aos 14 anos, cantando em um concurso de música gospel na igreja de seu bairro, Parque Amazônia, em Goiânia, viralizou. Ali, Marília Mendonça já dava os primeiros passos na carreira que a consagraria anos depois.

Em entrevista à Marie Claire, Raimundo Francisco, conhecido como Raí, contou que ela era assídua frequentadora da igreja, onde pode soltar a voz e foi acolhida, junto da mãe e do irmão, quando o padrasto os deixou. Raí era encarregado de formar uma equipe de louvor para a igreja do bairro e testou a voz de alguns dos fiéis, incluindo a de Marília. Quando o vídeo foi feito, a jovem já tinha começado a compor e tocar em bares locais.

“Ela escapulia para os bares para cantar. Muita gente não gostou que ela fosse e não aceitava, não aprovava. Ela foi porque precisava, e se afastou porque se sentiu sem outro caminho. As pessoas não foram legais e acho que ficou uma mágoa, por isso ela não falava dessa época. A mídia conta a vida dela dos bares pra frente”, contou Raí.

Ele e a mulher, Cintia, se aproximaram da família quando Ruth se separou do marido, padrasto de Marília Mendonça: “Quando o marido da Ruth se separou dela ficou bem difícil, passaram necessidade. Marília ia muito em casa, porque morávamos atrás da igreja. Me chamava de pai, tomava a benção. Eu acho que ela não sonhava com sucesso. Era muito tímida, cantava encolhida, era muito simples”, relembrou Raí.

Raimundo ainda disse à Marie Claire que os fiéis que desaprovam a escolha de Marília Mendonça ao se afastar do gospel, “se arrependeram e entenderam que ela estava no caminho certo”.

“Ela foi se aproximando de quem sabia fazer as coisas e aprendendo. Só sabia tocar três notas no violão e já brincava”, disse.

Raí disse que sente saudades de ouvi-la cantar os louvores e dos momentos tranquilos em casa, em frente à TV.

“Ela poderia ter ficado na igreja se tivesse tido apoio. Talvez tivesse feito carreira no gospel. Aquela voz faria sucesso de qualquer jeito”.

Apesar de caseira, e ter sempre com a mãe por perto, Marília Mendonça compôs, ainda jovem, sucessos que falavam de festas e vida amorosa – sua primeira composição de sucesso foi “Minha Herança”, gravada por João Neto e Frederico, e escrita por ela aos 12 anos.

“Fico pensando de onde ela tirou tantas ideias. Acho que a necessidade fez ela criar. O sofrimento fez ela ter vontade de dar essa volta por cima”.

Sem Contato

Raimundo perdeu o contato com a família e acompanhou de longe sucesso da Rainha da Sofrência: “O último abraço que dei nela foi no aniversário de 15 anos. Depois fomos morar no Sul e a dona Ruth me ligava pra falar do sucesso da Marília. Quando estourou eu sabia que minha filha seria aquilo tudo”.

Anos depois, Raí e a família voltaram para Goiânia, mas Ruth havia trocado de telefone e perderam o contato. As tias de Marília continuaram morando no bairro e ela as visitava, ele diz, sempre muito discreta, e nunca voltou a procurá-los.

“Não temos mágoa. Apesar de a Ruth não ter nos procurado mais, ainda a amamos.”

A notícia da morte de Marília Mendonça foi muito sentida pela família de Raí. “Minha mulher chorou dois dias. Eu sou mais duro, fiquei com o coração trancado.”

O filho de Raí, Pedro, que Marília pegou no colo quando ele tinha 2 anos, hoje tem 12 e estuda na mesma escola de música que ela frequentou. “Ele fica feliz de saber que esteve com ela, mas não se exibe, nem conta pra ninguém”, diz. Apesar de ter um exemplo tão próximo, o garoto não sonha em repetir o feito da “irmã”: “Não tem outro pra chegar onde ela chegou. Nunca vai acontecer. Ela é única”, finalizou Raí.

Grafiteiros fizeram homenagens

Comovidos com a morte precoce e trágica da cantora Marília Mendonça, no último dia 05 de novembro, após a queda do avião bimotor que a levava para Caratinga, em Minas Gerais, grafiteiros de São Paulo e do Ceará resolveram homenagear a cantora através da arte que dominam.

Um painel de 23 metros de altura está sendo pintado na Estrada do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo, pelos artistas plásticos e grafiteiros Edy Hp e Paulo Terra. Eles iniciaram o trabalho no último sábado, 06 de novembro, e finalizaram no último dia 09 de novembro.

O rosto sorridente da saudosa cantora foi pintado também em um muro de Caucaia, no Ceará, por Leandro Marques e Anderson Grafite, um dia após a morte da Rainha da Sofrência.

“Falar em Marília hoje é muito difícil. Mas hoje foi dia de homenagem a esta artista incrível que marcou a vida de muitos com sua música”, escreveu Anderso no artista na postagem.

O mural fica na avenida Edson da Mota Corrêa, número 1092, no Centro de Caucaia e Leandro compartilhou ainda que a arte foi “carregada de sentimentos” e declarou sua admiração por Marília. “Nunca pensamos que seria tão difícil. Cada troca de cor um aperto no peito por não termos mais Marília Mendonça”, escreveu.

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