E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. (Mateus 6:28,29)
Titubeei muito para escrever este artigo. Não queria que soasse como jactância, ostentação ou indução interesseira. Orei a Deus para saber de que forma apresentaria este testemunho. Pedi a minha esposa se teria um título a sugerir. E ela foi certeira: OLHAI PARA OS LÍRIOS DO CAMPO!
O texto bíblico foi dito pelo Senhor Jesus Cristo, ao descrever a maneira com que Deus cuidava dos lírios no campo e também das aves do céu, salientando que, mesmo não tendo eles emprego ou ofício, eram sustentados pelo Pai Celeste de forma magistral. Sua fala não significava o apelo à inoperância, à preguiça, mas sim a confiança de que o nosso sustento vem de Deus, que cuida dos lírios e das aves.
Ao longo destes meus 41 anos de vida cristã li muito sobre os heróis da fé, sobre as suas experiências de suprimento certeiro nas horas de maior necessidade. Também convivi com heróis contemporâneos, que, igualmente, tiveram os recursos para os seus ministérios e as suas vidas pessoais. Eu vi isto na vida de muitas pessoas.
Eu, particularmente, no exercício do ministério pastoral, pude ver a maneira miraculosa com a qual Deus conduziu a igreja que eu pastoreava, de um grupo sem nenhum recurso para uma propriedade com capela, gabinete pastoral, salas, berçário, salão social, cozinha, estacionamento e bancada. Como conseguimos? Através da graça de Deus que, de forma soberana, tocou em centenas de servos e servas dos mais variados lugares e países, a envidar esforços naquela construção monumental.
Mas atualmente vivo um hiato ministerial. Eu obedeci à ordem divina, quando encerrei o meu último ministério pastoral efetivo, numa igreja a qual amo de todo o meu coração e aguardei que o Senhor me conduzisse para um novo pastorado. Há cinco meses houve o início de um ministério auxiliar numa igreja, mas não foi possível a sua continuidade, pelo que continuei sem trabalho pastoral efetivo. Isto significa absoluta ausência de renda. AUSÊNCIA de renda, não de trabalho, pois, durante todo este período, continuei a produzir ininterruptamente muitos textos e séries de meditações que distribuo. Visito pastoralmente igrejas e pessoas para pregar onde sou chamado, atendo a irmãos, dou aconselhamento e estou sempre disponível, mas sem nenhuma renda. E os leitores sabem que a renda é fundamental na mantença de uma família. Conquanto tenha em minha esposa uma âncora para que a minha família não tenha falta do essencial, não me é confortável ser privado de recursos. Trabalhei esporadicamente em projetos de informática e consultoria, mas apenas um ou outro trabalho com início, meio e fim. Nada definitivo.
Então aconteceu aquilo que a Bíblia descreve como “os cuidados do Senhor”. Ao longo destes últimos quatro meses, quando o meu último trabalho como pastor auxiliar não foi mais possível e eu fiquei sem o ministério efetivo e sem os recursos indispensáveis, pensei: “esperarei até que Deus me conceda novo ministério, agora não tenho recursos para prover o que planejei”.
Nestes quatro meses, sem que houvesse de minha parte qualquer pedido ou insinuação exceto a franca partilha das informações ministeriais e dos pedidos de oração, Deus me concedeu valores e suprimentos a cada mês.
Um leitor, um ouvinte, um irmão em Cristo, um familiar, um amigo, três igrejas e vários desconhecidos, sem que um soubesse do outro, resolveu procurar-me em privado, dizendo: “Deus orientou-me a fazer isso”.
São muitas as experiências. Vou compartilhar apenas duas para a nossa edificação. Eu tinha que depositar 800 reais para uma necessidade familiar indispensável. Com este depósito eu ficaria completamente sem recursos pessoais. Orei a Deus, agradecendo por ter o valor, mas apresentando ao Senhor o meu pedido de graça, dizendo: “Creio que o Senhor é o meu provedor. E agradeço por tudo!” No dia seguinte, em minha conta corrente, um depósito surgiu, no valor de 800 reais! Poderia ter sido 900, 700, mas a quantia foi exatamente aquela que eu precisava! Deus proveu!
Uma segunda foi há um mês atrás. Despesas com minha família exigiam de mim mil reais muito necessários. E eu não tinha sequer um real. Na minha velha poltrona, onde costumo orar, sem partilhar isso com ninguém, apresentei ao Senhor a minha causa. “Senhor, eu preciso de mil reais, Tu sabes que estou pronto a trabalhar e a fazer o que for necessário, estou nas Tuas mãos. Agradeço se decidires conceder-me o valor que preciso. Mas serei grato com qualquer resposta, ainda que seja negativa, pois creio que tudo é para o meu bem.” Fui deitar-me. Ao acordar, deparo-me com um sms do banco, dizendo que um depósito de mil reais surgiu. E vejo, no whatsapp, um ouvinte meu, que não me conhece pessoalmente, a me mandar um áudio, dizendo: “Não diga nada; foi Deus quem me ordenou fazer isso. Só agradeça”.
Com isto quero dizer a quem lê este texto: Deus é real! Deus é presente! Deus está atento à oração que fazemos em privado! Deus não nos priva de algo pura e simplesmente por capricho; Ele tem um propósito! Eu sou pastor, pregador, conferencista, professor, e sinto-me absolutamente preso quando não estou no meu campo de trabalho, que faço com amor, dedicação e prazer. Eu não sei o porquê de estar hoje fora do ministério pastoral, mas eu sei que Deus sabe e com estes suprimentos que me dá é como se estivesse a dizer-me “O que eu faço não o sabes agora; entendê-lo-ás depois”. Sim, Ele está presente e a cada dia diz: “Continue trabalhando, Eu Te sustentarei!”. “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”.
Sim, eu costumo contar as experiências de George Müller, Hudson Taylor, de Timofei Diacov e de David Gomes. Mas, para a glória de Deus também posso dizer: Deus me faz andar pelo longo deserto e aqui, no meio da seca e da fome, me concede a água do ribeirinho e traz, pelos pássaros, carne e pão, para saciar a minha fome e de minha família. Isso faz com que me lembre daquela antiga canção que diz: “o mesmo Deus de ontem é também hoje presente e o seu poder eterno além dos céus”!
O que dizer? MUITO OBRIGADO, SENHOR!
O que desejo ao meu leitor? Que CONFIE NA GRAÇA E NO SUPRIMENTO DO SENHOR, pois Ele está presente.
Que Deus nos abençoe.
Pr. Wagner Antônio de Araújo
Colunista deste Portal