Amar o próximo se torna uma atitude imperativa para todos aqueles que temem e querem agradar a Deus. Tal decisão independe de quaisquer circunstâncias ou características peculiares de cada um; deve ser demonstrada indistintamente, até mesmo a indivíduos com procedimentos hostis, característico de adversários ou inimigos. Entretanto, essa predisposição em amar incondicionalmente não significa necessariamente ter que desenvolver um relacionamento íntimo com essas pessoas. A relação de amizades mais próximas deve ser muito criteriosa, não por mero preconceito, mas, pelas consequências advindas dessa aproximação. Veremos nesse episódio o encontro que redundou num relacionamento estreito o qual se estendeu por toda a família e comprovou de forma muito contundente a divindade de Cristo Jesus.
Os Evangelhos mostram através de alguns textos o desenrolar de um círculo de amizade formada entre Jesus e Lázaro. João e Lucas, únicos a fazerem menção desse personagem, não fornecem maiores detalhes sobre sua família, mencionando apenas a existência de suas duas irmãs Marta e Maria (Lc 10.38-42; Jo 11, 12.1-11). Não sabemos em que momento nem de que forma o Carpinteiro de Nazaré teria se aproximado desses irmãos, mas, João deixa muito evidente o grau de intimidade existente, pois, relata de forma especial o seu amor por eles (Jo 11.5).
Lázaro adoeceu e quando suas irmãs perceberam ser algo grave, mandaram imediatamente mensageiros a procura de Jesus na expectativa de que chegasse a tempo de curá-lo. A notícia chega depressa, mas, Ele permanece no local por dois dias e diz que aquela doença não era para morte e sim para glorificar o Pai e testificar acerca de si mesmo. Quando chega na aldeia de Betânia já havia quatro dias do sepultamento de seu amigo. Marta e Maria a essas alturas, apesar da tristeza que inundava as suas almas, já se conformavam com a perda de seu querido irmão, mas, o Mestre as encoraja a crer mesmo em meio ao cenário de completo fracasso: “Se creres verás a glória de Deus”. Quanta gente “jogando a toalha” precipitadamente! Ordenou que retirassem a pedra do sepulcro e gritou: “Lázaro, vem para fora”. O seu corpo já em decomposição começa a se regenerar e ele volta a vida. Apesar de Cristo ter ressuscitado outras duas pessoas, o filho da viúva de Naim e a filha de Jairo, neste caso, diferiu, pois, a pessoa já estava morta há quatro dias e havia uma crença entre os judeus de que só a partir de então é que seriam esgotadas todas as esperanças de ressurreição. Portanto, O milagre que aconteceu na vida de Lázaro comprovou de forma irrefutável a divindade do Senhor. Ele, somente Ele tem o poder de dar e tirar a vida.
É uma bênção divina possuir um círculo de amizades sinceras e legítimas afinal de contas não fomos criados para viver isolados, no entanto, diria que desenvolver um relacionamento íntimo com Jesus é vital. Mesmo que haja questionamentos quanto a esta possibilidade, tendo em vista que ele é espírito, podemos garantir que sim, fundamentados no que a Bíblia afirma. Jesus quando estava para ser elevado aos céus prometeu para os seus discípulos que não ficariam órfãos, pois, o Espírito Santo seria enviado em seu lugar para habitar e se relacionar com eles (Jo 14.16-18). Este Espírito não é um fluido ou uma energia, mas, uma pessoa e como tal é totalmente capaz de se relacionar com aqueles que o buscam (Ef 4.30; At 16.6, 20.23).
Sendo assim, ao socorrer aquela família e ressuscitar a Lázaro, Jesus superou todas as expectativas de seus amigos quanto ao valor de sua amizade comprovadamente fiel; regada por imensurável amor, transbordante de graça e misericórdia capaz de transformar tristeza em alegria, morte em vida, ponto final em um ponto e vírgula, com fortes expectativas para esse novo recomeço com a certeza do triunfo garantido. Hoje, podemos desfrutar dessas mesmas bênçãos através do Espírito Santo que intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26).
Por Juvenal Oliveira Netto
Colunista deste Portal