Encontros Notáveis – Série XX

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Existe uma tendência nos seres humanos a somente acreditarem no sobrenatural a partir de algo palpável, visível. Há centenas de anos antes de Cristo já era comum o homem construir os seus “deuses” feitos de barro, metal, madeira, pedra, etc. (Jeremias 10.1-5). Eles precisavam materializar sua fé através desses instrumentos, ainda que construídos por suas próprias mãos. Infelizmente, atualmente ainda nos deparamos com essa triste realidade. Além dos ídolos, ainda existem os amuletos que são bastante diversificados como, por exemplo, água do rio Jordão, sacos de terra trazidos de Israel, fotografias, lenço ungido, peças de roupa e dezenas de outros. Convido-te a observar atentamente a experiência vivida por uma pessoa que a Bíblia chama de “oficial do rei” o qual foi até Jesus para interceder pelo seu filho que estava à morte.

O apóstolo João detalha a forma como esse homem sai da cidade de Cafarnaum e caminha por vinte e quatro km até chegar à cidade de Caná da Galiléia para buscar uma solução para o seu dilema (João 4.43-54). Ele se aproxima de Jesus e lhe pede para descer com ele até sua casa onde estava o menino. O Mestre o repreende, pois, percebeu que sua fé era muito superficial. Uma fé condicionada ao auxílio de algum agente coadjutor. Para aquele homem Jesus só poderia operar o milagre estando presencialmente. O pai estava tão desesperado que nem sequer atentou para a repreensão, insistindo com o Senhor para acompanha-lo. Como Ele é rico em misericórdia e se alegra quando vê alguém determinado em lhe buscar, disse para o oficial: “—Vai, o teu filho vive”. Tudo indica que a admoestação que a princípio parecia dura, produziu amadurecimento em sua volúvel fé, pois, ele acatou de imediato a ordem recebida. Ao chegar em casa ficou sabendo através dos seus servos que a febre do garoto havia ido embora e constatou que isso aconteceu exatamente na hora em que Jesus havia falado com ele.

Que lições podemos absorver a partir da experiência vivida por esse indivíduo? Uma grande fé não se constrói a partir de amuletos ou qualquer outro instrumento visível, muito pelo contrário, ela se caracteriza exatamente pela inexistência de quaisquer sinais humanamente detectáveis. A palavra proferida por Jesus após sua ressurreição diante da incredulidade de um de seus discípulos que exigia ver as marcas dos cravos em suas mãos foi a seguinte: “—Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20.29). Bastou uma palavra do Mestre e o milagre aconteceu, corroborando com o que disse o profeta Isaías: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? (Is 43.13)”.

A advertência recebida por aquele pai aflito não funcionou como uma desilusão em sua fé ainda imatura, mas, como um tanque de gasolina, fazendo-a efervescer. Ele perseverou. Aceitou humildemente a correção e alcançou a benevolência do Senhor.

Assim sendo, para alcançarmos o favor de Cristo é preciso unicamente crermos que ele pode fazer qualquer coisa se assim for de sua vontade. Ele não precisa de adereços, penduricalhos ou qualquer outro modo de assistência, mas, tão somente de uma fé genuína aliada a uma postura perseverante, pedindo, buscando e batendo em sua porta (Mt 7.7-8).  Que encontro aperfeiçoador!

Por Juvenal Oliveira Netto
Colunista deste Portal

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