Luto no Natal

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Só entende a dor do luto quem pelo luto passou. Só sabe o sabor de uma tragédia quem por uma atravessou. O luto e a tragédia não escolhem data ou época; eles sobrevêm ao pobre e ao rico; ao saudável e ao doente; ao endividado e ao abastado; ao jovem e ao velho.

Quantos atravessarão o Natal de 2020 com o coração dilacerado, com as marcas de uma maldita doença que não dá trégua, de uma pandemia que destrói sonhos e famílias! Quantos serão vítimas da violência humana, que acaba com a existência de crianças e jovens através das balas perdidas nas crônicas batalhas dos tiroteios! Quantos chorarão pelos seus mortos em acidentes de carro, de avião, em parques de diversão ou em suicídios!

Há Natal para os enlutados?

Se considerarmos Natal como data comercial festiva, onde se cultua ao deus CONSUMO, ao deus GLUTONARIA, ao deus ENTRETENIMENTO e ao deus ALEGRIA SECULAR, não haverá Natal. Aqui em São Paulo, onde moro, jamais houve um Natal como este. O Parque do Ibirapuera, palco das mais lindas manifestações de beleza e arte natalinas, está escuro, calado, na penumbra, com enfeites tão toscos que trazem tristeza. As ruas e as avenidas não têm quase enfeites ou luzes. As fachadas das casas estão apagadas; quando muito, contam com alguma iluminação vulgar dessas lâmpadas coloridas que compramos por 20 reais.

Se considerarmos o Natal como reunião de família, onde os de longe visitam os de perto, onde os mais velhos recebem os mais jovens, onde as famílias se reúnem em torno de uma mesa farta e de um reencontro tão esperado, não teremos Natal. Somente os que burlam as regras e depois colocam em risco a saúde dos outros é que farão grandes e volumosos encontros. Os demais passarão o Natal em casa, quando muito com uma ou duas famílias mais próximas reunidas. Estarão com a tristeza latente de uma muralha invisível nos encontros reais, em nada abrandados por essas horríveis lives e transmissões pela internet. Estamos fartos de lives, de vídeos e de chamadas eletrônicas! Não se vive de ilusão de ótica ou de áudio!

Se considerarmos o Natal como época de esperança teremos apenas o medo e a dúvida, o conflito entre a esperança que custa a morrer e a realidade que sedimenta a tristeza e o martírio. Enquanto os governos batem as suas cabeças procurando uma harmonia entre o populismo e o atendimento das massas, as sociedades padecem, vitimadas pelos péssimos mandatários que elegeram. Ao ver o mundo mascarado e os hospitais abarrotados perguntamos: haverá algo mais? Haverá um NORMAL diferente desse horrendo NOVO NORMAL?

Mas quero ousar e afirmar aos meus leitores: HÁ NATAL NO LUTO!

Sim, porque Natal não é mera festa ou reunião, mesa farta ou iluminação, férias e viagens, dinheiro gasto e alegria social. Natal não é apenas a estética de uma época cheia de árvores, de Papai Noel ou de presépios, de mesas coloridas e guirlandas, de neve artificial ou autêntica. Natal não são apenas canções e alegrias, nem cantatas em igrejas ou cultos rituais. Natal não é Missa do Galo ou culto da véspera.

“O povo que andava em trevas viu uma grande luz!”, já dizia Isaías 700 anos antes do nascimento de Cristo, no capítulo 9 e versículo 2.

“Um menino nos nasceu … O seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte; Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”, ele completa no versículo 6.

“Nele os gentios esperarão”, diz Mateus 12.21.

Jesus Cristo é a razão da data natalina e o autêntico motivo do Natal. Para os primeiros cristãos isso não significava festança, mas FÉ, confiança, esperança. Não a fé em dias melhores aqui, o que certamente todo ser humano deseja. Mas FÉ no REINO DOS CÉUS, no PARAÍSO, no PORVIR, na VIDA ETERNA! Eles não eram cristãos por mera confiança em ter pedidos atendidos ou serem libertados da perseguição dos gentios – a maioria deles morria nas arenas e nos torneios, vitimados pelos governos ímpios que se divertiam com o sangue dos mártires. A confiança que tinham é que O SEU REDENTOR VIVIA E QUE POR FIM SE LEVANTARIAM RESSURRETOS E TRANSFORMADOS, numa existência eterna, perfeita, feliz e duradoura! Eles não viviam de esperança efêmera por dias melhores em vida. O próprio Senhor lhes dizia que no mundo teriam aflições e que estas seriam até a morte. Disse o Senhor que se com Ele, madeiro verde, fizeram o que fizeram, o que seria do madeiro seco, nós, que não tínhamos as virtudes dele? O Senhor jamais reivindicou o Seu reinado neste mundo, como um imperador secular. “O meu reino não é deste mundo”. Mas prometeu que viria sobre as nuvens dos céus e que, por fim, estabeleceria o Seu império eterno sobre todo o universo, tendo consigo os que O amaram!

Isso é Natal: certeza de vida eterna! Natal é perdão dos pecados pelo sacrifício de Jesus Cristo na cruz do Calvário! Natal é mudança de vida, limpeza do coração e o estabelecimento de uma nova mente, um novo modo de viver, pautado não nas teorias do mundo, mas na firmeza da Palavra de Deus! Natal é a certeza de que a vida não termina no túmulo, não acaba num enterro, não se esvai com as cinzas de um crematório, aliás, impróprio como sepultamento cristão. A vida continua e, ao contrário do mundo, ela será muito, muito mais clara e real! Ela será potencializada, será transformada, será eterna! Quem tem Jesus tem o verdadeiro Natal, a CERTEZA DA VIDA ETERNA e de que um dia, junto com aqueles a quem amamos, estaremos novamente reunidos, cheios da graça e do amor do Senhor!

Ele é o nosso Natal.

Quero terminar com uma antiga canção que a minha professora de violão, Cleonice dos Reis Pinheiro, tanto cantava e tão bem expressava esta verdade:

TIRA TODO O LUTO DO TEU CORAÇÃO

E DEIXA CRISTO ENTRAR

TRANSFORMAR TUA VIDA, DEIXA A ILUSÃO

JESUS FAZ REAL O SEU SONHO QUANDO ENTRAR

NÃO HÁ SEGREDO EM SER CRISTÃO

ENTREGUE SUA VIDA A CRISTO, FAÇA UMA ORAÇÃO

CONFESSE O QUE VOCÊ,

CONFIE SOMENTE NO AMOR DE DEUS

SERÁS FELIZ GOZANDO A PAZ QUE O SENHOR TE DEU.

Pr. Wagner Antônio de Araújo
Colunista deste Portal

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