“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.”
Uma vez justificados pela graça por meio de Cristo, a ideia é que vivamos de uma maneira que Deus seja honrado, pois todas as coisas são dele, por ele e para ele. É esta a afirmação do ultimo verso de Romanos 11. O capítulo 12 começa com uma súplica para que nós, cristãos, cumpramos esse propósito. E então o apóstolo aponta caminhos para que seja assim. O capítulo 12 de Romanos é uma prescrição litúrgica para a vida do cristão. Estamos acostumados a liturgias para o culto do templo, mas sem uma liturgia que nos faça adoradores com a vida, a liturgia do templo é perda de tempo pois não honrará a Deus. Não há poesia, canção ou homenagens que façamos a Deus e seja recebida como adoração se nossa maneira de viver não estiver manifestando harmonia com o Reino de Deus.
A liturgia proposta por Romanos 12 nos pede a oferta de nós mesmos em sacrifício. Um sacrifício vivo, realizado por meio de nossas atitudes, posturas e modo de pensar. Uma liturgia que envolve aprendizado, amadurecimento e crescimento. Este é o verdadeiro culto cristão. Ou será que acreditamos que o culto do templo seja o que Deus espera de nós? Jamais foi, não é e jamais será. O que Deus espera é o culto de nossa vida. O que Deus espera é a adoração em espírito e em verdade de que falou Jesus à samaritana!.
É uma infantilidade espiritual pensar que Deus esteja esperando e se deleite com as músicas que cantamos em sua homenagem. Assim como é uma infantilidade pensar que o modo como nos portamos no templo é o que demonstra nossa reverência a Ele. A reverência que Deus espera, a que realmente revela que o levamos a sério, está no modo com vivemos e nos relacionamos. Nosso coração contrito, nossa atitude misericordiosa e nossa humildade. Nosso amor e nosso serviço sem segundas intenções simbolizam o que Deus espera de nós. O culto na vida precisa dar sentido ao culto no templo ou este jamais fará sentido. Em outras palavras, a liturgia do templo precisa estar em dialogo com nossa vida, do contrário será apenas distração espiritual.
Precisamos nos libertar do amor e apego aos nossos ritos religiosos. A fé proposta pelo Evangelho de Jesus é muito mais que isso. Devemos ser mais sensíveis ao próximo e às suas dores, em lugar de apenas emotivos em nossos cultos no templo. É um desvio chorar ao cantar um hino e viver insensíveis à violência, pobreza e fome que degradam o nosso próximo. Nosso Deus é o Deus da vida e não do templo. Com essa clareza poderemos ir ao templo e fazer dele, verdadeiramente, um lugar em que Deus se manifeste. Precisamos viver o Evangelho para poder cantarmos sobre ele e isso glorificar a Deus. Vivamos a liturgia de nossa fé e sejamos adoradores com a vida. Pelas misericórdias de Deus, que assim seja!