Na mesma proporção que a população mundial cresce, tal fenômeno acontece com relação ao esfriamento relacional entre os seus habitantes. Tem sido usual se levantarem grupos extremamente preocupados com o trato dos animais, não que essa atitude seja errada, mas, é paradoxal quando esse sentimento sobrepuja a importância a ser dada aos próprios humanos. Convido vocês a conhecerem melhor a história de um centurião, o qual se sensibiliza profundamente com o estado de saúde de um de seus criados (Mt 8.5-10; Lc 7.1-10).
Os evangelhos de Mateus e Lucas descrevem o encontro de um oficial romano, intitulado por centurião, pois, comandava uma centena de soldados, com Jesus. A Bíblia não fornece mais informações a seu respeito, nem sequer menciona o seu nome. Tudo o que os evangelistas afirmam é que dentre os seus inúmeros servos, um estava terrivelmente enfermo. Ele ouviu que Jesus estava entrando em Cafarnaum. Nessa época, toda a Palestina se encontrava alvoroçada pelos grandes sinais e prodígios realizados pelo Messias. Pense comigo, será que aquele cidadão não tinha outros problemas mais desafiadores a serem resolvidos? Dilemas envolvendo a sua própria vida, de parentes ou até mesmo de pessoas “mais importantes”, atinentes ao seu seleto ciclo de amizades, tendo em vista que exercia um cargo de destaque na cidade? Ter a oportunidade de um encontro com alguém, o qual possui plenos poderes não é algo que acontece todo dia, não é mesmo? Você “queimaria um cartucho” desses para interceder por um serviçal? O Dr. Lucas é mais acurado e conta que o centurião manda uma comitiva composta por anciãos judeus, de modo a suplicar a Jesus pela cura do seu servo. Quando o Mestre está se aproximando do seu endereço, chega outro grupo de amigos seus, com mais uma mensagem. Agora ele manda dizer que não era digno de recebê-lo em sua casa, mas, que bastaria uma palavra sua e o seu servo seria imediatamente curado. O que levou Jesus a atender o pedido daquele comandante romano? Veremos a seguir algumas virtudes, as quais impressionaram sobremaneira a Cristo, de modo a impulsioná-lo a atender aquela petição.
Um grupo de anciãos insiste com Jesus para ajudar o centurião, lhe dizendo que ele era amigo dos judeus, inclusive, teria ajudado a construir uma sinagoga. Jesus observou que ele possuía uma boa reputação, a qual não se caracteriza por aquilo que afirmamos ser e sim pelo que os outros testificam a nosso respeito. Melhor ainda do que ter uma boa reputação diante dos homens é obtê-la diante de Deus. Só para refletirmos, como anda a minha e a sua?
Mesmo sendo um alto representante do imperador romano, colocou-se como indigno de receber a Jesus em sua casa. Tinha autoridade, inclusive, para determinar o seu comparecimento, não obstante, se posicionou humildemente. Todo aquele que se humilhar, será exaltado! (Mt 23.12)
Foi capaz de sentir a dor do seu criado, algo que o Mestre conhece muito bem, pois, a compaixão é inerente a sua natureza. Como o mundo está carente de pessoas cheias de compaixão! Gente que sinta a dor do vizinho. (Mt 9.36; Lc 7.13; Mc 1.41)
Como comandante militar, afirmou que os seus soldados o obedeciam fielmente, sem questioná-lo, como um dos princípios intrínsecos a sua profissão que é o exercício da autoridade. Acreditou fielmente que Jesus também a possui diante de quaisquer circunstâncias, em especial daquela enfermidade que atingia o seu criado. — Basta uma palavra sua e ele será curado. Que fé era aquela minha gente! (Is 43.13; Mt 8.27)
Para o centurião, o seu criado não era apenas um executor de tarefas, mas, um ser humano digno de ser cuidado adequadamente. Jesus se identificou com ele, pois, sabe melhor do que ninguém o que significa amar o próximo, chegando ao ponto de dar a sua vida por ele. (1Jo 3.16)
A sua atitude altruísta deslumbrou o Senhor, tendo em vista que o centurião poderia ter agido de forma individualista, no entanto, priorizou a necessidade alheia. Deus se alegra quando nos importamos com o sofrimento dos outros, muito mais ainda quando nos mobilizamos para ajuda-los. (Lc 10.30-37)
Logo, o exemplo de vida daquele centurião ecoa pelos séculos e deve servir como inspiração para todos nós, principalmente, nos momentos em que estivermos passando por algum vendaval e necessitarmos do agir de Jesus.
Por Juvenal Oliveira Netto
Colunista deste Portal